11 anos de Ayotzinapa: familiares protestam pelos 43 jovens desaparecidos

Cento e vinte e oito meses após o desaparecimento dos 43 alunos da escola normal de Ayotzinapa, ainda não há informações sobre o paradeiro dos jovens.

Ato desta segunda-feira (26) dos familiares que voltam às ruas como todos os dias 26 de cada mês para exigir a resolução do caso de seus 43 filhos desaparecidos em Iguala, Guerrero, em 26 de setembro de 2014 — Foto: Juan Luis Altamirano Uruñuela

Cidade do México, 26 de maio de 2025. Cento e vinte e oito meses após o desaparecimento dos 43 alunos da escola normal de Ayotzinapa, ainda não há informações sobre o paradeiro dos jovens, segundo as mães e pais das famílias presentes na marcha onde os professores que continuam em greve expressaram solidariedade. As autoridades fizeram promessas, mas as informações e investigações estão sendo entregues “gota a gota”.

Os familiares carregam suas bandeiras há quase 11 anos, em busca de seus filhos. Os mesmos slogans são repetidos para lembrar aos governos que eles foram capturados vivos e que nós os queremos de volta vivos!

A manifestação caminhou na chuva. Melitón Ortega usa o microfone para dizer que as autoridades tentaram enganar as famílias, dizendo-lhes para serem “testemunhas para inspecionar o 27º Batalhão de Infantaria em Iguala, para que vejam que não há nada lá”. Eles querem legitimar esse projeto, com a intenção de dizer a eles: ‘Vejam, os pais vieram, participaram e não encontramos nada’. Sabemos que os principais pontos de interesse para os pais são que o exército, a inteligência militar, escondeu informações importantes, que o grupo de especialistas descobriu uma série de páginas que não foram entregues às instituições que deveriam estar conduzindo a investigação.”

Manifestação desta segunda-feira (26) dos pais e mães que voltam às ruas como todos os dias 26 de cada mês para exigir a resolução do caso de seus 43 filhos desaparecidos em Iguala, Guerrero, em 26 de setembro de 2014 — Foto: Desinformémonos

“O GIEI solicitou os arquivos na época para revisão e investigação, mas o exército mexicano nunca os forneceu. Agora, a Procuradoria-Geral da República está tentando desviar a atenção com outras coisas, e queremos dizer a eles que, enquanto a Sedena não entregar esses arquivos para uma investigação mais aprofundada, a luta dos pais continuará”, disse Melitón.

Ele também afirmou que há grupos poderosos que não querem que o caso Ayotzinapa seja esclarecido, querem silenciá-los e destruir materiais fotográficos dos 43. No antimonumento, eles denunciaram os abusos e a negligência das autoridades em preservar um espaço simbólico de verdade e justiça; ali se condensa a luta das famílias e a reivindicação pela apresentação dos jovens vivos. A Sra. Hilda Hernández fez a chamada dos 43 estudantes e dos três que faleceram nos dias 26 e 27 de setembro de 2014, em Iguala, Guerrero. A marcha continuou até o Hemiciclo a Juárez (monumento localizado no parque Alameda Central, na Cidade do México, em homenagem ao estadista mexicano Benito Juárez).

No protesto, Dom Mario González disse: “Foram quase 11 anos de busca por nossas crianças e, infelizmente, nos deparamos com governos insensíveis que não fazem mais do que promessas de assumir o poder e explorar 43 famílias e sua dor. Eles chegam à presidência e se dissociam quase completamente da situação, evitando procurar aqueles que sabem a verdade, o que realmente aconteceu em 26 de setembro. Agora, a grande notícia que acho que vão nos dar é a magistrada que supostamente apagou os vídeos. Mas não sabemos ao certo se ela os apagou ou a quem os entregou, porque eram evidências cruciais de onde ocorreu o ataque à Ponte Chipote, tendo como alvo os jovens que estavam desarmados e foram atacados de forma tão covarde pelos três níveis de governo. Infelizmente, essa mulher não quer dizer nada, mas o nome de seu superior imediato não foi revelado…”

Manifestação desta segunda-feira (26) dos pais e mães que voltam às ruas como todos os dias 26 de cada mês para exigir a resolução do caso de seus 43 filhos desaparecidos em Iguala, Guerrero, em 26 de setembro de 2014 — Foto: Desinformémonos

Perguntas de Dom Mário: “Por que soltaram Gualberto? Os promotores não arquivaram a investigação corretamente. Por que deram proteção ao promotor público que assinou o que encontraram no Rio San Juan, na época corroborando a verdade histórica? Onde estão as figuras que participaram da sala de guerra e que também não foram nomeadas? Mas sabemos os nomes e, infelizmente, um homem tem muito peso aqui no México: Omar García Harfuch, assim como o coronel do Exército Ángel Aguirre Rivero e Iñaki Blanco. E por que não foram tocados? Várias linhas de investigação poderiam seguir a partir daí, porque lembremos que uma pequena prova positiva pertencente a um estudante, Alexander Mora Venancio, saiu daquela sala de guerra. Quem a entregou a ele? De onde a tiraram? Essas são linhas de investigação que não devem ser abandonadas.”

O pai também nos lembra “por que a Marinha foi mexer no lixão de Cocula e o incendiou alguns dias depois dos fatos. O que era aquele embrulho branco que parecia um corpo? Está documentado lá, mas infelizmente, nem mesmo o presidente anterior, que nos prometeu e manipulou o caso Ayotzinapa para se tornar presidente, nos disse a verdade. Onde estão aquelas 800 páginas que são tão importantes para entendermos as consequências de algumas capturas de tela? Por que não prenderam os policiais envolvidos? Mas querem nos enganar distorcendo o relatório do GIEI.”

“Dizemos que estamos tomados por uma dor muito profunda. Muitas pessoas dizem que a dor diminui com o tempo. Quero perguntar a essas pessoas se o amor por uma criança tem prazo de validade. Claro que não; pelo contrário, devemos buscar os 43 alunos com ainda mais força. Mas também quero dizer que abraçamos a luta dos professores para garantir que nossos filhos estejam com eles, lutando por uma melhor qualidade de trabalho para os professores”, disse Don Mario.

Manifestação desta segunda-feira (26) dos pais e mães que voltam às ruas como todos os dias 26 de cada mês para exigir a resolução do caso de seus 43 filhos desaparecidos em Iguala, Guerrero, em 26 de setembro de 2014 — Foto: Desinformémonos

Ele concluiu: “Amanhã temos uma reunião com o presidente. A demanda é solicitar as 800 páginas e a devolução do GIEI. Não podemos permitir um promotor inútil, uma pessoa que foi nomeada para distorcer e manipular todas as linhas de investigação que Omar Gómez havia conduzido com os 60 mandados de prisão, mas quando nomearam essa pessoa inútil, reduziram o número para 16. É assim que o governo funciona.”

Nas palavras das mães e dos pais, sua luta é de dignidade. Nenhum governo conseguiu comprá-los, e eles não conseguirão, porque o amor que eles têm pelos filhos é maior que o ouro do mundo. Apesar do sofrimento e da dor, “continuaremos até que Deus nos conceda a vida” para encontrá-los.


Texto publicado originalmente em Tlachinollan.
Tradução: Mídia1508

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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