Emiliano Zapata / Foto: Reprodução

Emiliano Zapata: “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos!”

Nascido na pequena vila de San Miguel Anenecuilco, no sul do país, Emiliano Zapata Salazar foi uma das figuras mais marcantes do processo revolucionário pelo qual passou o México em 1910.

Há 102 anos, em 10 de abril de 1919, era assassinado durante uma emboscada em Chinameca, povoado no estado mexicano de Morelos.

Nascido na pequena vila de San Miguel Anenecuilco, no sul do país, Salazar foi uma das figuras mais marcantes do processo revolucionário pelo qual passou o México em 1910.  Acima de tudo líder da causa indígena, Zapata conduziu seu exército insurgente em direção à Cidade do México, e, junto com as tropas de Pancho Villa, ocupou a capital.

À época, o país era governado pelo ditador Porfirio Díaz, que havia estabelecido um governo marcado por abusos frequentes contra os povos originários, corrupção, práticas clientelistas e deterioração das condições de vida da população.

Revoltado com os privilégios econômicos e políticos dos grandes latifundiários, Zapata partiu para a luta armada, coordenando grupos que tomavam à força as terras em disputa. A ação política de Zapata foi fortemente influenciado pelo ideário anarquista, ao qual fora apresentado pelo professor Otilio Montano, que lhe indicou as obras de Piotr Kropotkin e Ricardo Flores Magón.

Em 1910, Porfirio Díaz foi reeleito em um pleito marcado por irregularidades, motivando grandes manifestações de repúdio da população. O liberal Francisco Ignacio Madero, derrotado no pleito, anunciou que a eleição fora fraudada e conclamou os cidadãos mexicanos a se sublevarem contra o tirano.

Para angariar o apoio dos pobres, Madero prometeu implementar a reforma agrária e outros programas de combate à injustiça social. Com isso, obteve a adesão imediata de Zapata, que formou um exército revolucionário em Morelos para depor Díaz – o Exército Libertador do Sul. Também atraído pelas promessas de Madero, Pancho Villa ajudou a formar outra força insurgente ao norte. Teve início então a Mexicana.

Juntos, Villa e Zapata depuseram Díaz, instituindo Madero no poder. Mas, tão logo assumiu a presidência, o liberal traiu seus correligionários. As reivindicações de Zapata em favor de uma reforma agrária centrada no modelo dos ejidos (terras comunais) e pautada pelo respeito às tradições foram ignoradas em favor de um projeto de integração das populações nativas ao modo de produção capitalista. Em seguida, o governo mexicano começou a perseguir os e estimular o seu desarmamento.

Em 1913, Madero foi deposto e assassinado por um golpe de Estado conduzido por militares contrarrevolucionários. O general Victoriano Huerta assumiu a presidência, concedendo anistia a Porfirio Díaz e reprimindo brutalmente as frentes indígenas.

Zapata e Villa voltam então a organizar seus pelotões, agora para derrubar o governo de Huerta. Contaram também com o apoio de Venustiano Carranza, governador de Coahuila, líder do Exército Constitucionalista. Os efetivos zapatistas, villistas e constitucionalistas conseguiram obter sucessivas vitórias sobre as tropas de Huerta – cuja situação se complicou com a tomada do Porto de Vera Cruz pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos. Em julho de 1914, Huerta foi deposto e Carranza assumiu o governo.

Não tardou, no entanto, para que o novo mandatário também traísse seus aliados. Em conluio com o Lopez Obregon, Carranza articula um regime violento e ditatorial que empreende diversas missões de extermínio contra o exército zapatista. A princípio, Zapata consegue manter sua oposição, mas passa a enfrentar sucessivos problemas com o recrudescimento da repressão. Carranza oferece então uma farta recompensa pela cabeça do revolucionário, fazendo dele alvo numero um do exército e de diversas facções de mercenários.

Mas a morte de Zapata só viria ocorrer após alguns anos de resistência. No dia 10 de abril de 1919, o general  Jesús Guajardo, fingindo simpatizar com a causa do ELS, marca um encontro com o revolucionário em Morelos, estado natal de Zapata.

Ao encontrar com o general, vindo a cavalo, o revolucionário leva diversos tiros por todo o corpo, morrendo em meio ao deserto. Em busca de sua recompensa, Guajardo recolhe o seu cadáver e o leva às autoridades. Villa seria assassinado quatro anos depois, também por meio de uma tocaia, desta vez, organizada pela secreta mexicana.

A execução de Zapata enfraqueceu a revolução, permitindo que as oligarquias retomassem o domínio pleno sobre o país. Seu legado, no entanto, permanece vivo, como uma importante referência para as resistências populares no México e ao redor do mundo. O Movimento Zapatista e seu Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) são diretamente inspirados pelo seu exemplo e por suas palavras: “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos!”

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.

Últimas Notícias