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Indígenas derrubam estátua de colonizador espanhol na Colômbia

Os protestos na Colômbia tiveram como estopim o assassinato pela polícia de Javier Ordoñez, um advogado de 46 anos que não resistiu após ser imobilizado pelo agentes.

Foto: Julian Moreno / AFP

A Colômbia segue tomada por protestos contra a violência policial que começaram na semana passada. E a tem trazido também participação de colombianos, que questionam uma histórica aos povos originários. Nesta quarta-feira, dezenas de  derrubaram com cordas, uma estátua de Sebastián de Belalcázar, conquistador espanhol do século XVI.  Sob o olhar impotente de três policiais, os manifestantes comemoraram o momento em que a estátua atingiu o chão. Belalcázar é fundador das cidades de Cali, a terceira maior da Colômbia, e Popayán, região onde estava a estátua. Ele também fundou cidades no Equador, como a capital Quito.

O Movimento de Autoridades do Sudoeste da Colômbia (Aso) argumentou que Belalcázar cometeu crimes como e expropriação de terras das populações que habitavam a região.

Segundo a AISO, essas denúncias se baseiam em crônicas, relatos históricos, e arquivos, entre outras fontes que vão desde textos acadêmicos a “histórias confiáveis da tradição oral de nossos povos ancestrais”.

“Com a força das pessoas, conseguiu-se derrubar, como ato simbólico de repúdio a tanto extermínio dos povos”, disse Diana Jembuel, da etnia Misak. De acordo com ela, o ato ocorreu como parte de uma mobilização convocada pelas comunidades Misak, Nasa e Pijao para protestar “contra o extermínio físico e cultural dos povos do Cauca e os diferentes líderes sociais do país”.

Os protestos na Colômbia tiveram como estopim o assassinato pela polícia de Javier Ordoñez, um advogado de 46 anos que não resistiu após ser imobilizado pelo agentes da e torturado com uma série de choques elétricos. Na semana passada, a resposta dos policiais aos protestos que se seguiram, sobretudo na capital Bogotá, deixaram ao menos 12 mortos. Além de e ativistas contra a violência de Estado, participam também das manifestações organizações de oposição ao presidente de direita Ivan Duque, como sindicatos, movimentos estudantis e o Comitê Nacional de Desemprego.

“Derrubar monumentos e tirá-los da mão do opressor”

A derrubada de estátuas de colonizadores e escravocratas se tornou símbolo também em protestos em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e Europa. Na visão da historiadora Larissa Ibumi Moreira, esse tipo de ação faz parte de uma “disputa pela memória patrimonial”, uma “causa essencial para as lutas antirracista e indígena”.

“Essas figuras já estão documentadas em livros, imagens, museus, não vão se perder. Preservá-las como heróis no espaço público é uma reprodução cotidiana da mesma violência que os ergueu.  A História se faz no presente e derrubar tais monumentos é tirá-la das mãos do opressor e recontá-la como deve ser” argumenta a pesquisadora, em texto publicado pelo portal Ponte Jornalismo, no último dia 12 de junho.

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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