O tradicional desfile militar do Dia da Bastilha (14 de julho) terminou com confrontos entre policiais e alguns integrantes do movimento dos Coletes Amarelos em Paris. Militantes convocaram protestos na avenida Champs-Elysées e vaiaram a chegada ao local do presidente francês, Emmanuel Macron. Essa é a primeira vez desde o último 16 de março que a avenida volta a ser palco desse tipo de conflito.
Alguns manifestantes, vestidos de preto e com os rostos cobertos, derrubaram as barreiras de metal posicionadas ao longo da avenida e incendiaram lixeiras e banheiros públicos. A polícia utilizou bombas de gás lacrimogênio para dispersá-los.
Ironicamente, a comemoração do aniversário da derrubada pelo povo da Bastilha – prisão-fortaleza que simbolizava a tirania e a arbitrariedade do velho Estado francês – acabou sendo marcada por uma série de detenções – 175, segundo dados da própria polícia. Dentre elas, a de três conhecidos organizadores das manifestações dos coletes amarelos – Eric Drouet, Jérôme Rodrigues e Maxime Nicolle – que foram retidos para interrogatório por “rebelião” e “manifestação proibida”, de acordo com a versão oficial.
Para o advogado de Rodrigues, Arié Alimi, a ação repressiva não passou de uma tentativa por parte do governo de “prender adversários políticos”.
Não foi permitido a nenhuma pessoa que usasse um colete amarelo passar pelas barreiras policiais para assistir ao desfile – evento supostamente “público”. Alguns manifestantes, no entanto, conseguiram driblar a proibição e, descaracterizados, vaiaram a passagem de Macron, enquanto seguravam balões amarelos.
Iniciado em novembro do ano passado, a partir de uma revolta contra a elevação da carga tributária sobre combustíveis, o movimento dos coletes amarelos passou a encorporar uma série de outras reivindicações, como o reajuste universal do salário mínimo e das aposentadorias, a volta do imposto sobre grandes fortunas e a criação de um referendo de iniciativa cidadã.