Após quase cinco meses de sofrer um ataque transfóbico e ter 50% do corpo queimado, a travesti Jéssica Dimy morreu na última quinta-feira (7/12), aos 23 anos. De acordo com o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, ela teve uma parada cardíaca.
Jéssica trabalhava como profissional do sexo e foi violentada por um cliente. Fábio Barreto da Silva, de 23 anos, a asfixiou e ateou fogo no quarto e no lençol em que a vítima estava, trancando a porta.
A trans foi encontrada caída no chão e internada com mais de 50% do corpo queimado. Well Castilho, do Grupo Liberdade/Santa Diversidade, de São Gonçalo, visitou Jéssica há um mês, e declarou que ela continuava debilitada fisicamente. Tanto que não estava respondendo bem ao tratamento médico e que as costas, a região mais afetada pelas queimaduras, ainda estava muito machucada.
O caso ilustra uma triste realidade no Brasil. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), apenas em 2017 foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou pessoas trans. Isso significa que, a cada 48 horas, uma pessoa trans é assassinada no país. É o maior número de vítimas fatais de transfobia registrado pelo levantamento em dez anos. Em 94% dos casos, os assassinatos foram contra pessoas do gênero feminino.
Os dados são detalhados no Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017, lançado em janeiro deste ano, pela Antra, em Brasília.
A maior parte das vítimas da violência transfóbica possui características semelhantes. Além do gênero, a idade é um fator que merece destaque. No relatório, não foi possível identificar a idade de 68 pessoas. Das outras 111, a maior parte, 67,9% tinham entre 16 e 29 anos. Também possuem cor preferencial. De acordo com o mapa, “80% dos casos foram identificadas como pessoas negras e pardas, ratificando o triste dado dos assassinatos da juventude negra no Brasil”.
Do total das pessoas mortas, 70% eram profissionais do sexo. Segundo o relatório, 90% da população de mulheres trans utilizam a prostituição como meio de subsistência, devido à dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e à deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social, familiar e escolar.
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