“Primeiro de Maio não é feriado”: o radical primeiro de maio na Indonésia

Ocorreram manifestações em várias cidades da Indonésia. Em Bandung, dois carros da polícia foram apedrejados e um incendiado pela indignação em massa dos populares.

Manifestantes em frente à Assembleia Consultiva Popular da República da Indonésia, na capital Jacarta — Foto: Reprodução

Em 1º de maio de 2025, grupos antifascistas e sindicatos de Jacarta, capital da Indonésia, se uniram para formar um protesto pelo ‘Dia dos Trabalhadores’. Os manifestantes se reuniram na capital do país em frente ao parlamento, o prédio do Majelis Permusyawaratan Rakyat (MPR) — Assembleia Consultiva Popular da República da Indonésia, um órgão legislativo composto pelos membros do Conselho Representativo do Povo (DPR) e do Conselho Representativo Regional (DPD).

O protesto também contou com a participação da Aliança das Mulheres da Indonésia, do Sindicato dos Trabalhadores Universitários, da Aliança de Jornalistas Independentes, do Sindicato dos Trabalhadores da Mídia e da Indústria Criativa da Indonésia pela Democracia (Sindikasi) e do Congresso da Aliança de Sindicatos da Indonésia (Kasbi). Eles fazem parte do Movimento Trabalhista Junto com o Povo (Gebrak).

Os sindicatos reivindicam direitos trabalhistas e a revogação da Lei Geral de Criação de Empregos (UU Cipta Kerja). Muitos criticaram o presidente Prabowo Subianto e seus planos de expansão militar (Projeto de Lei sobre as Forças Armadas Nacionais da Indonésia – RUU TNI). Isso levou ao tema da celebração do primeiro de maio: “Mei Berlawan” (Maio da Resistência), onde as pessoas se uniram para lutar contra o sistema vigente.

Ocorreram manifestações em várias cidades da Indonésia, como Surabaya, Malang, Solo e Makassar. Pelo menos 14 trabalhadores foram detidos.

Manifestantes em frente à Assembleia Consultiva Popular da República da Indonésia, na capital Jacarta — Foto: Reprodução

A revolta eclodiu em pelo menos duas cidade, Jacarta e Bandung, onde ocorreram confrontos entre a polícia e manifestantes — a juventude antifascista e trabalhadores. A polícia usou canhões de água, bombas e escudos antimotim para reprimir os manifestantes, que responderam lançando pedras, pedaços de pau e coquetéis molotov contra a repressão.

A manifestação do primeiro de maio na cidade de Bandung teve ao menos dois carros da polícia apedrejados e um incendiado pela indignação em massa dos populares.

Cartazes e textos de divulgação ilustravam algumas das reivindicações dos atos pelo país. Um dos cartazes dizia: “O Primeiro de Maio não é feriado. É dia de luta.” […] “A Aliança Gebrak enfatiza que o Movimento Trabalhista Indonésio não pode ser reivindicado por ninguém ou por qualquer grupo cujo objetivo final seja obter uma fatia do bolo do ‘poder'”, escreveram em um comunicado.

Há cinco reivindicações apresentadas pela Gebrak que nortearam o primeiro de maio. São elas: Revogar a Lei Geral de Criação de Empregos e promulgar um Projeto de Lei de Mão de Obra pró-trabalho; Promulgar o Projeto de Lei de Proteção aos Trabalhadores Domésticos e reconhecer a condição dos trabalhadores do setor informal, como mototaxistas e entregadores online; Parar os despejos, implementar uma reforma agrária genuína; Parar projetos estratégicos nacionais que prejudicam o meio ambiente e promulgar o Projeto de Lei dos Povos Indígenas; Revogar a Lei Militar e rejeitar o envolvimento militar em assuntos civis.

Manifestantes lançam pedras e fogos de artifício contra à Assembleia Consultiva Popular da República da Indonésia, na capital do país, Jacarta — Foto: Reprodução

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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