A relação do presidente da La Liga, Javier Tebas, com o fascismo

Javier Tebas foi membro do partido fascista Fuerza Nueva na década de 1980. Hoje é abertamente apoiador do partido de extrema direita Vox, um partido de discurso racista, homofóbico e xenofóbico.

Javier Tebas em novembro de 2022 — Foto: PA Media

Javier Tebas é presidente da La Liga desde 2013. Há acusações de que ele dificulta denúncias e investigações sobre racismo no futebol espanhol. Cobrado publicamente este domingo (21) pelo atacante Vinícius Junior por sua falta de providências em relação ao tema, Tebas rebateu culpabilizando o jogador, que é constantemente vítima de ódio racial nos gramados do país.

Vinícius não se calou e respondeu:

Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Veja as respostas dos seus posts e tenha uma surpresa… Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove.

Vinícius Júnior em sua conta do Twitter

Tebas já havia saído em defesa de Roman Zozulya, futebolista repudiado pela torcidas organizadas do Rayo Vallecano por aparecer em fotos usando uniformes e símbolos associados a milícias neonazistas ucranianas. “Se o presidente do Rayo ou o jogador me disserem que se sentiram ameaçados, entrarei com queixa criminal por coação. É inadmissível que tenhamos esse problema na Espanha. Não se pode rotular uma pessoa por sua ideologia. A tolerância de um país se demonstra sendo tolerante”, ameaçou.

O jornalista Irlan Simões, em seu perfil do Twitter, informa que em 1975 Javier Tebas se filiou ao Fuerza Nueva, partido que buscava ser o herdeiro do franquismo (fascismo). Não é nenhuma novidade, portanto, que Tebas declare apoio ao VOX, principal partido de extrema direita da Espanha.

O VOX é um partido político de discurso abertamente racista, homofóbico e xenofóbico. Não à toa, seu líder, Abascal, chegou a visitar o durante o governo Bolsonaro. O partido vem crescendo e, em 2019, ganhou 52 das 350 vagas na câmara dos deputados (15% dos votos).

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em 2019, durante uma entrevista a rádio COPE, uma das principais cadeias nacionais de rádio da Espanha, o presidente da La Liga, Javier Tebas, tornou público seu apoio ao VOX, dizendo que votaria neles nas próximas eleições. COPE é a marca utilizada pela Rádio Popular S.A., de direita, cujos acionistas são a Conferência Episcopal Espanhola.

Na época, o grupo nacionalista de extrema direita obteve sua primeira vitória política significativa nas eleições regionais, obtendo votos suficientes para ajudar a formar uma coalizão na região da Andaluzia.

Em seguida, mulheres marcharam em mais de 140 protestos por diversas cidades contra a ascensão ao poder da extrema direita. O VOX busca revogar a lei contra a violência doméstica, argumentando que ela é injusta com os homens; também se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao aborto; e o líder Abascal pediu o fim da imigração.

Na rádio espanhola, quando foi questionado sobre o cenário de mudança política da Espanha e, tendo sido membro do partido fascista Fuerza Nueva na década de 1980, ele foi questionado sobre o crescente partido de extrema direita no país.

“Eles me parecem bons”, disse Tebas no Cadena Cope. “Eu venho dizendo isso há algum tempo. A Espanha precisava de uma alternativa como o VOX. Você tem que respeitar as 400.000 pessoas que votaram neles na Andaluzia. Se eles continuarem nessa linha, eu votarei no Vox. Não sou militante, mas sou eleitor. Se trabalho para o futebol espanhol, trabalho para a Espanha e para a marca espanhola.”

Tebas tem um histórico de fortes declarações políticas, discutindo anteriormente seu passado com Fuerza Nueva e expressando seu apoio a políticos fascistas na vizinha França.

“Se a extrema direita significa defender a unidade da Espanha, a vida e o modo de vida católico, eu estou nesse grupo e continuo pensando o mesmo de quando estava em Fuerza Nueva”, admitiu Tebas em uma entrevista de 2016 na qual também elogiou a líder de extrema direita francesa Marine Le Pen. Le Pen pediu o fim de toda a imigração e a ‘desislamização’ da França.

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Fonte: Independent
Tradução: Quinze Zero Oito (1508)

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

2 Comentários

  1. Simples: racismo é crime. Cadeia para estes nojentos.
    Porém é simples, mas não muito: a sociedade é racista, o racismo é estrutural e está emprenhado na cabeça de todos nós. Não é suficiente não ser racista, é essencial (e não só necessário) ser anti racista, anti fascista, anti machista.
    É fundamental entender que a construção de uma nova sociedade passa fundamentalmente por ser feminista, pluriétnico, socialista (nessa ordem, romper com o patriarcado, com o eurocentrismo é condição sine qua non para ser socialista, é questionar o centro do sistema capitalista).
    Se não, seremos, SÓ, antiracistas.
    Temos que exigir que este nojento, fascista, que é presidente da Liga Espanhola seja excluído do futebol e responsabilizado criminalmente.
    CAMPANHA!!!!

  2. PS: este não é um problema só do futebol e da Espanha, o avanço do fascismo, do racismo é mundial, é global. O enfrentamento tem que ser global.

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