Moradores protestam após morte de grávida em ação policial no Rio

A jovem Kathlen Romeu, de 24 anos, foi morta com um tiro durante uma operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Foto: Reprodução

Na tarde desta terça-feira (8/6), a jovem Kathlen Romeu, de 24 anos, foi morta com um tiro durante uma operação da Militar do Rio de Janeiro, comandada pelo governador Claudio Castro (PSC), no complexo de favelas do Lins de Vasconcelos, zona norte da cidade. Ela estava grávida de 14 semanas e já chegou ao hospital sem vida.  

Em resposta, moradores da região fecharam a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá para protestar. Os dois sentidos da via foram fechados e os manifestantes colocaram caçambas de lixo no meio das pistas, exigindo justiça. Um novo ato está marcado para acontecer nesta quarta-feira, 16h, em frente ao prédio da Light na Rua Lins de Vasconcelos, 623, também no bairro do Lins.


Kathlen era designer de interiores e fez um post recentemente em seu Instagram celebrando a gravidez: “Neném, já me sinto pronta pra te receber, te amar, cuidar”. Uma moradora que preferiu não se identificar afirmou ao site Ponte Jornalismo que a vítima iria visitar o salão de beleza de uma prima, quando foi baleada e que a “policia já chegou atirando”.

A Defensoria Pública acompanha o caso e está em contato com a família da jovem para prestar assistência jurídica: “O que aconteceu no Lins é muito triste, uma mulher grávida, vindo a óbito, a partir de uma situação de violência armada, com intervenção de Estado, dentro de uma favela, é mais um lamentável capítulo desse processo de violência contra as favelas”, avaliou  Guilherme Pimentel, ouvidor do órgão, também em entrevista à Ponte.

Segundo ele, esta não foi a única ocorrência de atendida pela Defensoria Pública hoje. “Nós orientamos lideranças e moradores em Niterói, onde também houve uma operação que teria sido altamente letal, também atendemos pedidos de ajuda de moradores do Complexo do Alemão, que passaram por tiroteios, são inúmeras denúncias de invasão de residências, de agressões físicas. Então este problema é um problema generalizado. E a Kathlen infelizmente é mais uma vítima dessa brutalidade que de segurança não tem nada, que viola direitos o tempo inteiro”. 

Pelas redes sociais, o advogado Joel Luiz Costa, fundador do Instituto de Defesa da População Negra, que atua no Jacarezinho, também na zona norte, se manifestou sobre o ocorrido. “Queremos investigação já! Atendimento e igualdade psíquica, financeira e material para a família de Kathlen. Queremos que a ADPF das favelas seja respeitada, queremos o direito de viver e criar nossos filhos. Cláudio Castro, a culpa é sua!”, disse.

“Um mês depois da chacina do Jacarezinho, estamos mais uma vez reunidos gritando que não merecemos morrer atravessados ​​por uma bala do estado, sem vacina e com fome”, complementou na mesma postagem.

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, que monitora violência urbana no estado do Rio de Janeiro, 15 mulheres grávidas foram baleadas no Grande Rio desde 2017, quatro delas em operações policiais – oito morreram.

Kathlen Romeu morreu em ação da PM no Rio de Janeiro / Foto:  Reprodução redes sociais

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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