Manifestantes realizaram mais um protesto em contra a privatização da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), empresa pública responsável pelo saneamento básico do Rio de Janeiro, na Central do Brasil, no fim da tarde desta terça-feira (04/02). Os manifestantes reclamam da qualidade da água distribuída para a população do Rio e novamente criticaram o plano de privatização da empresa estadual. Os manifestantes panfletaram e conversaram com a população.
Hoje as atividades da Estação de Tratamento de Água do Guandu, na Baixada Fluminense, foram interrompidas pela CEDAE nesta segunda-feira (03/02) por conta da presença de detergente na água que chega à estação de tratamento. Moradores de 20 bairros do Rio de Janeiro e três cidades da Baixada reclamam da falta d’água em suas casas.
A estação é responsável por 80% do abastecimento da cidade do Rio.
A crise da água no Rio evidencia as políticas de privatização do governador Wilson Witzel (PSC), com o intuito de favorecer um pequeno grupo de capitalistas. No ano passado a Cedae teve lucro operacional de R$ 800 milhões e não investiu no Guandu, portanto, qual o sentido de privatizar uma estatal que teve um lucro de quase 1 bilhão de reais?
Centenas de famílias estão sendo afetadas há semanas e agora sequer recebem o básico para a sobrevivência: água limpa. Para barrar essa prática desumana é preciso lutar por uma Cedae totalmente pública e que seja gerida pelos próprios trabalhadores, aqueles que de fato fazem a Companhia Estadual de Águas e Esgotos funcionar.
Os bairros afetados pela falta d’água na Zona Norte são Del Castilho, Encantado, Vigário Geral, Méier, Ramos, Inhaúma, Madureira, Bento Ribeiro, Piedade e Pilares. Na Zona Oeste do Rio há reclamações de moradores dos bairros de Santa Cruz, Vargem Grande, Jacarepaguá, Campo Grande, Taquara, Senador Vasconcelos, Realengo, Santíssimo, Sulacap e Vargem Pequena. Os municípios da Baixada afetados são Nova Iguaçu, Belferd Roxo e Mesquita.
A crise da água começou há cerca um mês
A partir de um levantamento realizado 15 dias atrás, pelo menos 77 bairros da cidade do Rio de Janeiro e seis municípios da Baixada Fluminense relataram que receberam da Cedae água com gosto e cheiro de terra.
A companhia diz que a mudança na água é causada pela substância geosmina, que não causa riscos à saúde, entretanto, muitos moradores relatam ter sofrido com náusea, vômito e diarreia após o consumo. A coloração barrenta que o líquido apresentou em algumas residências não foi ainda explicada pela empresa.
A geosmina é apenas um dos problemas da água que abastece nove milhões de pessoas.
A estação de tratamento do Rio Guandu é a maior do mundo. Trata 43 mil litros de água por segundo. Só que essa água recebe uma quantidade de esgoto que daria para encher 22 piscinas olímpicas todos os dias.
O coordenador do Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fabiano Thompson, ficou impressionado com a quantidade de dejetos na água que ele coletou próximo da entrada da estação.
“Talvez teria que mudar o nome, teria que ser chamada de estação de tratamento de esgoto, porque é isso que ela está fazendo”
A Cedae começou a tratar a água com o uso de carvão ativado, um sistema que, por exemplo, está em operação há mais de 20 anos em São Paulo. O maquinário foi montado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A Cedae protela desde 2009 a execução de uma obra emergencial que evitaria a crise no abastecimento do Grande Rio. O projeto, orçado à época em cerca de R$ 33 milhões, reduziria a chegada de esgoto no lago onde ocorre a captação de água na ETA (Estação de Tratamento de Água) Guandu, localizada no rio de mesmo nome, no limite entre os municípios de Nova Iguaçu e Seropédica, na Baixada Fluminense.