O Estado argentino teme o povo: o operativo de repressão para o G20

Diante da previsão de grande mobilização popular contrária à reunião da cúpula do G20, a ser realizado nos dias 29 de novembro e 1º de dezembro em Buenos Aires, o governo da anunciou que mobilizará mais de 20 mil agentes de das diferentes forças de “segurança” e contará com tecnologia de ponta, algumas elaboradas especificamente para o evento, incluindo frota naval e aérea — como helicópteros e aviões que sobrevoarão a região com autorização para o abate. O governo também opera restringindo a circulação da população, com a alteração de rotas de ônibus, corte de linhas e suspensão de serviços públicos essenciais.

A também está atenta ao fluxo de ativistas, principalmente anarquistas, vindos de países latino-americanos vizinhos — conforme publicado por um dos maiores veículos de imprensa argentino, que lançou uma matéria listando e caracterizando grupos e campos políticos considerados uma potencial ameaça à realização da cúpula.

Na reportagem são mencionadas cartilhas táticas interceptadas, supostamente elaboradas por grupos guevaristas e anarquistas. Por outro lado, revela que o Estado argentino está empenhado em “dialogar” com grupos políticos oficiais, dentre os que convocaram atos contra o G20, visando a “colaboração” destes na contenção dos setores independentes e combativos.

Mas os preparativos para o encontro do G20 não visam apenas os dias do evento. No último mês, o Estado levou a cabo uma série de ações repressivas, com evidente objetivo de desarticular os movimentos populares e impor o medo, somando ao operativo técnico a tentativa de generalização da paranoia entre os argentinos, contando para tal fim com os serviços da grande mídia.

Na madrugada do dia 22, Rodolfo “Ronald” Orellana, da OrganizaciónLibres del Pueblo (OLP), foi assassinado pela durante uma reintegração de posse contra famílias que ocupavam um terreno em Buenos Aires. Além do assassinato, a deixou dezenas de feridos e resultou em prisões. Também nas últimas semanas, ocorreram invasões policiais em espaços comunitários e contra-culturais, mirando a criminalização de anarquistas. Mais de uma dezena de ativistas foram presos.

Além do operativo técnico, estas ações demonstram que a repressão, visando sua auto-justificação, vem preparando uma atmosfera paranoica com a ajuda da imprensa lacaia. O tratamento dado pela à perseguição dos ativistas tratou de inventar elos e de concatenar uma série de ações pontuais, para gerir a ideia de uma conspiração anarquista contra a paz social.

Ainda, semelhante ao caso brasileiro à época da realização dos jogos olímpicos, a tenta incrementar a paranoia com a narrativa do “perigo islâmico”, que resultou na espalhafatosa prisão de dois jovens muçulmanos de ascendência libanesa sob a alegação de que seriam apoiadores do Hezbollah, considerado um grupo terrorista pelo Estado argentino.

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