Moradores incendeiam barricadas em protesto contra a falta de luz em SP

Apagão reacende críticas à privatização de serviços essenciais.

Manifestantes fazem barricada com fogo em São Paulo — Foto: Reprodução

Moradores do Jardim Colombo e de Paraisópolis ocuparam dois sentidos da Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, incendiando barricadas em contra a falta de energia elétrica desde a tempestade da última sexta-feira.

A comunidade do Jardim Colombo fica a cerca de 15 minutos do Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Meia hora depois, a Polícia chegou ao local reprimindo os manifestantes, que reagiram, deixando um dos policiais baleados na perna.

Revoltas semelhantes foram registradas em outros pontos da Região Metropolitana de São Paulo.

Por volta das 18h30, na Rodovia Régis Bittencourt, quilômetro 28, no sentido Curitiba, moradores de Embu das Artes que reivindicavam a ligação imediata da energia elétrica interditaram o trecho com pneus incendiados.

Outro grupo fez o mesmo em uma faixa da Rodovia Raposo Tavares, na altura de Cotia. É o segundo ato do tipo realizado no município, que está há quatro dias sem luz.

Desde que o serviço de fornecimento de energia foi privatizado, o tempo médio de espera dos consumidores para o atendimento de energia elétrica mais do que dobrou em São Paulo.

Segundo dados da Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica, em novembro de 2018, a média era de 6 horas para o atendimento a emergências. A estimativa leva em conta os últimos 12 meses, portanto, considera parte do tempo em que a então estatal federal Eletropaulo ainda geria a energia elétrica em São Paulo, o que aconteceu até junho de 2018.

Um ano depois, em 2019, o tempo médio de espera saltou para 9 horas, para 11 horas em 2022 e, em abril deste ano – dado mais atualizado até o momento – já era de 13 horas.

A explicação está na política de corte de gastos imposta pela empresa compradora da Eletropaulo, a Enel, uma multinacional controlada pelo governo italiano.

Em 2019, o serviço de energia elétrica na Grande contava com 23.835 funcionários. No fim de setembro de 2023, sua força de trabalho era de 15.366 profissionais – uma redução de 35,5% em um período em que o número de clientes só cresceu, chegando a 7,85 milhões de consumidores.

Crise fortalece críticas a Tarcísio, Nunes e privatizações

A inoperância da Enel, que, no recente apagão, chegou a deixar às escuras mais de 2 milhões de pessoas, tem contribuído para fortalecer as críticas à de serviços essenciais. A venda da companhia de saneamento básico Sabesp, que a gestão Tarcísio tenta conduzir à toque de caixa, tem sido ainda mais rejeitada.

“O que aconteceu nos últimos dias é um alerta sobre resultados nefastos das privatizações dos serviços básicos no estado de São Paulo. A Enel de hoje pode ser a Sabesp de amanhã”, declarou Débora Lima, coordenadora nacional qdo Movimento dos Sem Teto (MTST), em um ato na porta da concessionária.

Outra figura a causar indignação foi a do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).

Alheio a todos os problemas e prejuízos causados pelo blecaute, ele participava de evento em um camarote do GP de de Fórmula 1, conforme postou em suas redes sociais no fim de semana.

“Não consegui ver a corrida porque estou há 53 horas sem luz”, ironizou um internauta.

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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