Nesta segunda-feira (6), Reginaldo Avelar Porto, homem negro de 37 anos, foi morto com um tiro de fuzil disparado por um policial militar, em Sampaio, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele morreu quando tentava apartar uma briga que começou perto do lava-jato onde fazia um trabalho extra para complementar a renda.
A Polícia Militar (PM) diz que o disparo foi feito “acidentalmente” quando o agente também tentava colocar fim à briga. No entanto, abordagem com um fuzil em punho é difícil imaginar um “acidente”.
Reginaldo Avelar trabalhava como cuidador de idosos e no momento da confusão, ele fazia um bico no lava-jato. Reginaldo deixa um filho de 14 anos, que morava com o pai. Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Por meio de nota, a direção do Salgado Filho informou que a vítima chegou morta à unidade.
No início da noite, moradores realizaram uma manifestação na Avenida Marechal Rondon pedindo justiça por Reginaldo. “Eles deram um tiro de fuzil no meu irmão. A gente botou fogo para alguém ouvir a gente. Só somos ouvidos assim”, disse Rogéria Avelar, irmã de Reginaldo.
Meu irmão foi afastar a briga, aí chegaram os policiais com a mão no gatilho já, né. Porque eles só sabem chegar assim, para matar. Agora ão vou dizer que foi acidental, eles falam que foi acidental, né? Toda morte de preto é acidental. Aí, meu filho, só Deus sabe. Só meu irmão que estava lá, ele foi afastar uma briga que não era dele. Uma pessoa boa, meu irmão é uma pessoa boa. Ele ia trabalhar. Ele toma conta de uma senhora.
Disse Rogéria ao RJ TV, da TV Globo, ao chegar no IML.
A Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) informou que Reginaldo estava próximo a discussão que ocorria em um lava-jato: “Ele não tinha nada a ver com a briga, mas foi atingido com tiro de um policial. Uma manifestação de populares da comunidade fortemente reprimida pela PM. Lamentamos a morte de mais um morador. A pedido da Faferj, a família está sendo atendida pela Defensoria Pública e a OAB/RJ”, escreveu a federação.
Por uma nota divulgada a PM diz “durante a tentativa de separar os envolvidos, a arma de um dos policiais foi disparada acidentalmente”. Segundo Rogéria, os agentes da UPP São João chegaram “com a arma apontada”, o que desmonta a ideia de “acidente”, quando um agente aborda as pessoas com um fuzil em punho.
O policial, responsável pelo disparo, é lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro São João, no Engenho Novo. O agente está preso preventivamente até a audiência de custódia.