O Movimento Mães de Manguinhos, movimento social que luta contra o terrorismo do Estado brasileiro e pela garantia de direitos aos moradores de favela, organizou no dia 13 de maio, no Colégio Estadual Professor Clóvis Monteiro, em Manguinhos, o 8° Levante das Mães de Manguinhos. O evento contou com a participação de dezenas de estudantes, mães de diversas favelas vítimas da violência do Estado, movimentos sociais e entidades de direitos humanos.
Na parte da manhã foi exibido o documentário curta-metragem “Cada Luto, Uma Luta”, de Ana Paula Oliveira e Victor Ribeiro. O filme conta a história de luta por justiça de Ana Paula, mãe de Johnatha de Oliveira Lima, assassinado com um tiro nas costas aos 19 anos de idade, na favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 2014.
Em seguida, mulheres como Bruna Silva, Nívia do Carmo, Nádia Santos e a própria Ana Paula, que atuam em movimentos sociais de luta contra a violência do Estado, falaram aos estudantes sobre a realidade violenta em que vivemos e a dor – e revolta – que cada uma delas ainda sente pela perda do filho. Jovens estudantes fizeram questão de agradecer às mães pelo exemplo de luta e coragem.
Na parte da tarde, o Ballet de Manguinhos, projeto que completou 7 anos na favela e que trabalha na formação por meio do ensino da dança clássica e do estímulo a leitura, fechou o encontro com uma bela apresentação.
Eu tô muito feliz, tô emocionada, não só pelo Grafite. Na maioria das vezes é invisibilizado. Falam da vítima mas nem sempre tem um rosto.
Infelizmente nem todas as mães tem saúde e força para lutar pelos seus filhos, para ser a voz dos seus filhos. Eu consegui estar nessa caminhada nesses 8 anos. E ter o rosto do Johnatha no colégio em que ele estudou é trazer um pouco da história que a história não conta.
Ana Paula Oliveira
O Levante das mães
Em 2014, nasce o Movimento Mães de Manguinhos, após o assassinato de Johnatha, como nos conta Ana Paula em entrevista (vídeo abaixo).
O movimento é fundado por Ana Paula, mãe de Jhonatha, e Fátima Pinho, mãe do jovem Paulo Roberto, de 18 anos, também assassinado pela polícia um ano antes, em 2013.
O Levante das Mães de Manguinhos surge após completar 1 ano da morte de Johnatha, com o objetivo de realizar um encontro e acolhimento entre as mães e familiares de vítimas da violência do Estado.