Na últimos dias 7 e 10 de agosto, milhares de tailandeses foram às ruas da capital Bangkok protestar contra a má gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo local, comandado pelo premiê Prayuth Chan-ocha. Até a data das manifestações, apenas 6% da população nacional havia sido imunizada e o país, de 66 milhões de habitantes, atingia o recorde de mortes pela doença em um intervalo de 24 horas – 235, quatro vezes mais do que qualquer dia de 2020. O total desde o início da crise sanitária passa dos 6.000.
“Queremos que Prayuth renuncie porque as pessoas não estão sendo vacinadas”, disse um ativista de 23 anos, que forneceu apenas seu primeiro nome, Aom. “Não temos empregos e renda, portanto não temos escolha a não ser protestar.”
Os manifestantes foram recebidos com bombas de gás lacrimogênios, canhões de água e balas de borracha pelas tropas do Estado, ao que responderam lançando objetos e rojões contra os agentes. Durante o confronto, duas cabines da polícia foram incendiadas e pelo menos seis policiais ficaram feridos – um deles com um tiro na perna e outros três por estilhaços de uma bomba caseira.

Os participantes do ato também jogaram sangue de porco na fachada da Sino-Thai Engineering and Construction – empreiteira que possui ligações com o ministro da Saúde Pública Anuthin Charnuvirakun. Outra corporação que teve suas instalações atacadas foi a King Power, um monopólio do varejo isento de impostos, que é conhecido por conta de seu apoio a Prayuth.
O movimento, composto principalmente por jovens, parece ter ganho um novo fôlego após uma forte repressão aos protestos que atraíram centenas de milhares de pessoas no ano passado ter cessado temporariamente a mobilização popular. Os ativistas também quebraram tabus, reivindicando o fim da monarquia, se arriscando a serem criminalizados por meio da “lei da majestade”, que prevê uma pena de até quinze anos de prisão por “difamar o rei, a rainha, o rei ou o regente”.
