Nesta terça-feira (13), em nova manifestação contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no Centro do Rio de Janeiro, a Polícia Militar (PM) atacou manifestantes e jornalistas, agredindo dezenas de pessoas com cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha.
Duas pessoas foram presas e liberadas horas depois.
O ato se concentrou na Candelária e caminhou pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, trajeto bem conhecido em manifestações políticas na cidade.
O protesto reuniu milhares de pessoas, entre partidos políticos de esquerda, movimentos estudantis, centrais sindicais e movimentos sociais.
Imagens da repressão policial ao ato contra o governo federal:
Com faixas e cartazes denunciando o governo Bolsonaro, os manifestantes pedem mais vacinas contra a Covid-19 e vacinação para todas as pessoas, o fim das privatizações, além da volta do auxílio emergencial de R$ 600,00.
Alguns manifestantes exigiam a abertura do processo de Impeachment do presidente, pela total negligência do governo federal durante a pandemia e agora, também, pelas suspeitas de corrupção na compra das vacinas.
As inúmeras declarações de Bolsonaro contra o distanciamento social e o uso de máscaras, colaborou, sem dúvida alguma, com as mais de meio milhão de mortes de brasileiros e brasileiras pelo coronavírus.
Corrupção na compra de vacinas
Nos dois primeiros meses, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada pelo Senado, focou principalmente no atraso do governo em fechar acordos com empresas farmacêuticas para a compra de vacinas, ao mesmo tempo em que o presidente promoveu o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 – como a hidroxicloroquina.
Desde o depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM/DF) e de seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, o foco das investigações mudou. O parlamentar confirmou que Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP/PR), em uma conversa que Miranda relatou ao presidente. O servidor Luis Ricardo vinha sofrendo pressões para liberar um contrato de compra da vacina Covaxin, que apresenta evidentes irregularidades. A vacina sequer tinha aprovação da Anvisa.
Bolsonaro teria prometido encaminhar o caso à Polícia Federal, o que não fez.
A denúncia resultou na abertura de uma investigação da Procuradoria-Geral da República contra o presidente, que vai apurar se Bolsonaro cometeu ou não o crime de “prevaricação”, por não denunciar a corrupção na compra da Covaxin. Sem dúvida, o menor dos crimes do presidente.
Genocídio indígena
No dia 28 de junho deste ano, o Brasil foi citado pela primeira vez no Conselho de Direitos Humanos da ONU como um caso de risco de genocídio, devido aos crescentes crimes contra as populações indígenas.
“Há indícios significativos para que autoridades brasileiras, entre elas o presidente, sejam investigadas por genocídio”, afirma a jurista Deisy Ventura, especialista na relação entre pandemias e direito internacional.
Segundo a jurista, há todos os elementos necessários à tipificação de crimes contra a humanidade na resposta do Governo brasileiro à Covid-19: intenção, plano e ataque sistemático, conclui.