Ativistas protestam contra genocídio negro no Rio

Foi o segundo ato no local desde a chacina do Jacarezinho, maior massacre cometido durante uma operação policial na história fluminense, com 28 vítimas.

Protesto na porta do Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro — Foto: Stella Nemer/MIC

Na última sexta-feira, 11 de junho, ativistas e movimentos sociais realizaram um em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual de Rio de Janeiro. Foi o segundo ato no local desde a chacina do Jacarezinho, maior massacre cometido durante uma operação policial na história fluminense, com 28 vítimas. Somou-se ainda à pauta da manifestação a exigência de Justiça para Kathlen Romeu, jovem negra grávida assassinada três dias antes por PMs da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) do Lins.

O ato foi organizado e realizado pela Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência; por anarquistas ligados ao grupo ADEP – Ação Direta em Educação Popular, à FOB – Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do e independentes; integrantes da Casa Nem, organização de acolhimento para pessoas LGBT+ em situação de vulnerabilidade social, e da FIST – Frente Internacionalista dos Sem Teto.

Por várias vezes, as vias das ruas do bairro de Laranjeiras, na zona sul da cidade, foram obstruídas parcial ou inteiramente pelos participantes, obrigando motoristas a prestarem atenção às faixas e cartazes. Diversas falas ao megafone foram feitas, nas quais a crueldade e a hipocrisia de nossa sociedade foram expostas sem meias palavras: a não é uma força contrária ao crime, mas um de seus operadores, junto com o narcotráfico e a milícia. E toda a contra segmentos marginalizados – negros, pobres, LGBT+, profissionais do sexo, indígenas, etc. – encontra aprovação por parte do governador Cláudio Castro e do presidente Jair Bolsonaro.

A recusa do governo federal em vacinar o maior número possível de cidadãos contra a e seus esforços para sabotar medidas de contenção da doença não só foram lembradas pelos manifestantes, como apontados como mais um morticínio intencional, com o objetivo de promover a exclusiva “sobrevivência dos mais fortes” por meio de uma perversa “seleção natural” aplicada a toda a população brasileira. Afinal, de que outra forma poderia ser interpretado o presidente quando diz que “vai morrer quem tiver que morrer”, senão como defendendo a eugenia?

Não foi à toa que mais de 200 membros da comunidade judaica assinaram uma carta acusando Bolsonaro de ter “fortes inclinações nazistas e fascistas”. Em vez de proteger a população do vírus, seu governo nos traz a Copa América, ao mesmo tempo que incentiva o abandono das máscaras e do distanciamento social, de modo que o maior número de pessoas se infectem.

A vigilância da durante o ato foi constante, com alguns dos famigerados “P2” (policiais à paisana) obviamente presentes e discerníveis. Ao fim do ato, soldados do Batalhão de Choque se fizeram presentes no jardim do palácio, porém a única intervenção junto aos ativistas coube a um guarda de trânsito, pedindo para que as interrupções do tráfego de automóveis fossem mais breves.

Embora a manifestação tenha encontrado solidariedade de várias pessoas em carros e ônibus, foi francamente lamentável e assustadora a quantidade de expressões em apoio a Bolsonaro e desaforos voltados a um contra o do Estado brasileiro. Uma parcela significativa dos cariocas aprova o extermínio de pessoas sob critérios de cor de pele, condição econômica, orientação sexual e inclinação política – um posicionamento que é manifestado cada dia mais à vontade. Enquanto os bolsonaristas não encontrarem quem lhes imponha limites, podemos esperar pelo pior.

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Texto: Cris Oliveira

Foto: Stella Nemer/Mídia Independente Coletiva
Foto: Stella Nemer/Mídia Independente Coletiva
Foto: Stella Nemer/Mídia Independente Coletiva
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Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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