Em Chorozinho, região metropolitana de Fortaleza, o comércio fechou as portas e moradores fizeram um bloqueio em um trecho da BR-116, na tarde de quarta-feira (1), horas após a execução de um menino de 13 anos por policiais militares. Mizael Fernandes da Silva foi assassinado a sangue frio por agentes do Comando Tático Rural (Cotar) da PM enquanto dormia na casa de uma tia, no bairro do Triângulo. Ele foi dia 30 de junho para fazer um tratamento odontológico, e em seguida voltaria para o interior, onde morava com o pai.
Uma prima da vítima relatou em uma rede social como se deu o crime:
“Por volta de 1h45 para 2h eles chegaram arrombando o portão da nossa casa dizendo que era a polícia e minha mãe abriu e permitiu a entrada deles. Saímos e avisamos a eles que meu primo estava dormindo no quarto, quando escutamos os tiros. Mandaram a gente ir pro outro lado da calçada. Eles disseram que meu primo estava armado, mas isso não é verdade”, diz o texto.
A morte provocou diversas manifestações de revolta na região, com carreatas e queima de pneus. Em um dos atos por justiça para Mizael, um PM perguntou para a população se queriam que ele matasse mais um.
O assassinato de Mizael não foi um caso isolado. Um levantamento do Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará indicam que houve um aumento das mortes por intervenção policial no estado em 2020. De janeiro a maio, foram registradas 78 mortes por intervenção policial, número que representa 57,3% do total de ocorrências desse tipo computadas em todo o ano de 2019. Nesse mesmo período, foram contabilizadas 1.880 mortes violentas, sendo 798 (42%) de jovens de 12 a 22 anos.
