Na última sexta-feira (12), um menino palestino de apenas 10 anos foi atingido na cabeça por uma bala de munição letal disparada por forças israelenses durante o protesto semanal contra o muro de separação em Kafr Qaddum, no norte da Cisjordânia. O pequeno Abdul Rahman Yasser Shteiwi foi levado pelo Crescente Vermelho, movimento humanitário ligado à Cruz Vermelha internacional, para o Hospital Rafidia, em Nablus. Um exame de imagem revelou mais de 100 fragmentos do projétil alojados no seu crânio.
O chefe do setor de neurocirurgia do hospital, Othman Othman, que operou Abdul durante três horas e meia, declarou no sábado (14) que a munição usada contra o garoto era explosiva.”Eu já vi muitos ferimentos por balas e elas apenas se partem em poucos pedaços. Mais de 100 fragmentos não é normal”, explicou o cirurgião.
A informação contradiz a versão dada pelas Forças de Defesa de Israel de que só teriam sido utilizadas balas de borracha na contenção dos manifestantes. “Não era uma bala de borracha, era uma bala de metal. Uma bala de borracha não entraria, porque não é pontiaguda Foi algo pontiagudo”, afirmou Othman.
O chefe do setor de neurocirurgia do hospital, Othman Othman, que operou Abdul durante três horas e meia, declarou no sábado (14) que a munição usada contra o garoto era explosiva.
Morad Ashtwei, um dos organizadores dos protestos contra o muro, afirmou ao jornal israelense Haaretz que o garoto ferido estava a seguindo a manifestação apenas “por curiosidade” e “não estava fazendo mal a ninguém” quando foi baleado.
Desde Julho de 2011, os palestinos de Kafr Qaddum, na Cisjordânia ocupada, realizam manifestações semanais à sexta-feira em protesto contra o encerramento da principal estrada de acesso à localidade. A estrada entre Kafr Qaddum e Nablus está bloqueada pelas forças de ocupação sionistas, alongando assim em 14 km o percurso.
Também esta sexta-feira, pelo menos 34 palestinos foram feridos por balas letais e de borracha durante as protestos semanais da Grande Marcha do Retorno, que acontecem desde 30 de Março de 2018 junto à vedação usada por Israel para isolar o pequeno território palestino.
Dados da organização de direitos humanos Defesa de Crianças Internacional Palestina (DCIP) revelam que no ano de 2018 pelo menos 57 crianças palestinas foram mortas por militares israelenses, um número três vezes maior do que o registrado no ano anterior.
Cinco das vítimas tinham menos de 12 anos de idade. 49 delas tiveram suas vidas ceifadas enquanto participavam de atividades relacionadas à Grande Marcha, na Faixa de Gaza. Em 73% das ocorrências, houve uso de munição letal.
As estatísticas oficiais mais chocantes revelaram que entre 2000 e 2014, Israel matou uma criança palestina a cada três dias em média, durante quatorze anos.