Jovem é assassinado pela PM na favela de Manguinhos

Aos 23 anos, Matheus Melo era técnico em segurança ambiental na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e trabalhava com jovens da igreja evangélica que frequentava.

Foto: Arquivo pessoal

Na noite de segunda-feira, dia 12, Matheus Melo estava em sua moto e havia acabado de sair da igreja. O jovem passou por policiais que mandaram ele parar, o jovem não ouviu e foi assassinado pela polícia – segundo testemunhas. Moradores denunciam também que os policiais militares apontaram fuzis para as pessoas, ameaçando-as.

Aos 23 anos, Matheus Melo era técnico em segurança ambiental na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e trabalhava com jovens da igreja evangélica que frequentava. Matheus foi assassinado pela na Avenida Dom Hélder Câmara, não muito longe da Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, pouco depois das 22 horas. Ele estava a caminho de casa, em Higienópolis, na zona norte da cidade.

Antes de ser atingido, Matheus havia saído da Igreja Missão e Fé, em Manguinhos, onde dirigia uma reunião de jovens. Ao deixar o local, de motocicleta, acompanhou a namorada até a casa dela, na do Jacarezinho. Na volta, próximo de casa, foi baleado pela polícia. Foram vários tiros, segundo uma testemunha que conhecia Matheus e na hora ligou para os familiares. Segundo informações, Matheus simplesmente não teria percebido a ordem de parada dos PMs e foi assassinado a sangue frio.

Matheus Melo, 23 anos

Na Avenida Dom Hélder Câmara, Matheus foi socorrido por pessoas que estavam no local e o levaram até a UPA (de Manguinhos) em um carrinho de mão. Os policiais não prestaram socorro.

Os familiares permanecem em estado de choque com a morte. Parentes contaram que dezenas de amigos, cerca de cem pessoas, foram até a porta da unidade de após saber da morte.

“Ele estava em um refúgio jovem. Quando o grupo de moças e rapazes da igreja se reúne para ensaiar louvores, fazer orações, desabafar e trocar experiências sobre suas vidas. Matheus estava dirigindo o encontro desta segunda-feira. No fim, levou a namorada em casa, no Jacarezinho. Na volta, se deparou com uma viatura. Em vez de parar ou abordar, atiraram nele”, relatou um parente do jovem.

A namorada de Matheus também ficou em estado de choque depois que ficou sabendo de seu assassinato. Ele pensava em ficar noivo e se casar com ela.

“É uma dor muito grande. Parece que nos arrancaram um pedaço à força”, outro parente de Matheus. O pai está transtornado, sequer quis gravar qualquer entrevista. A mãe precisou ser dopada. “Um menino divertido e muito alegre. Faltam palavras para falar do perfil dele. Era técnico em segurança e trabalhava na parte ambiental da Fundação Oswaldo Cruz”, conta.

De acordo com moradores da região, no momento em que Matheus foi baleado, não ocorria confronto nem tiroteio na Avenida Dom Hélder Câmara. Com isso, desmontam a versão policial, de que havia um tiroteio na região. Essa “versão” é um padrão da PM quando matam pessoas em favelas e periferias. Primeiro eles atiram, depois perguntam.

Rafael Daguerre

Fotógrafo, Repórter, Editor e Documentarista

Um dos fundadores da Mídia1508. "Ficar de joelhos não é racional. É renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres, quando as algemas forem quebradas" ― Carlos Marighella.

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