Na noite desta quarta-feira (15), manifestantes que participaram do ato contra os cortes na educação anunciados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a reforma da previdência entraram em confronto com a polícia no centro do Rio de Janeiro. Um ônibus foi incendiado por volta das 20h na avenida Presidente Vargas, onde se concentrou a passeata que durou mais de 3 horas e que reuniu cerca de 200 mil pessoas, entre estudantes, professores, sindicalistas e ativistas de movimentos sociais. O protesto é a maior mobilização dos últimos anos no Rio e no Brasil.
Após a caminhada, houve um conflito envolvendo policiais e participantes da manifestação nas imediações da Central do Brasil. Antes, ativistas fizeram uma pichação nos muros do Palácio Duque de Caixas contra o Exército. O picho dizia “80 tiros, Exército assassino”, em alusão aos assassinatos do catador Luciano Macedo e do músico Evaldo Rosa, que teve seu carro fuzilado com mais de 80 tiros pela corporação, quando seguia para um chá de bebê com a família, em 2 de abril.

Manifestantes lançaram pedras, garrafas e morteiros contra uma guarnição da Polícia Militar (PM), que tentou responder com balas de borracha e bombas, mas acabou se vendo forçada a fugir em uma viatura. Em seguida, um coquetel molotov foi atirado contra a unidade do Centro Presente, programa de militarização financiado pelo sindicato patronal Fecomércio e tratado pelos movimentos sociais como uma espécie de milícia legalizada.
Na esquina das avenidas Presidente Vargas e Passos, o mesmo tipo de artefato foi usado para incendiar um ônibus da empresa Mauá, que vinha de Niterói para a Praça XV.
Bombeiros só conseguiram conter as chamas após o veículo estar completamente destruído. Um homem estava ao lado do ônibus em chamas com um cartaz que dizia:
“A greve não causou o caos. Foi o caos que causou a greve.”
Uma pessoa em situação de rua foi detida ao tentar retirar cobre da carcaça incendiada para revender. Sob protestos dos presentes, dois PMs com armas em punho chegaram a derrubar no chão o trabalhador informal, que apenas buscava algum dinheiro para se sustentar.
Mais cedo, por volta das 15h, centenas de manifestantes com guarda-chuvas e capas de chuva se concentraram em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio. Por volta das 16h45, eles saíram em direção à Central.
Mais de 200 cidades do Brasil tiveram manifestações ao longo do dia como parte da mobilização, levando milhões de pessoas às ruas em todos os estados do país e também no Distrito Federal.


