Grupos de direitos civis afirmam que pelo menos sete pessoas foram assassinadas durante repressão aos manifestantes que pedem a renúncia do presidente do Togo, Faure Gnassingbé, e a libertação de presos políticos. Ativistas de direitos humanos acusam as forças de segurança de usar “violência chocante” contra os manifestantes.
Os recentes protestos que pedem o fim da dinastia da família de Gnassingbé começaram no dia 26 de junho, em Lomé, capital do país, e se seguiram por mais dois dias com intensas manifestações.
Há uma raiva crescente no Togo devido à repressão às vozes críticas e pelas mudanças na constituição, denunciadas por críticos e pela oposição como um “golpe de estado institucional”.
Tudo o que queremos é que Faure Gnassingbé pare. Continuaremos protestando mesmo depois dos três dias, até que ele finalmente deixe o poder.
Kodjo, manifestante.
Esses protestos acontecem semanas depois de Gnassingbé — que foi presidente por duas décadas e cuja família governou o país por 58 anos — ter sido empossado em um novo cargo de Presidente do Conselho de Ministros, que não tem limites oficiais de mandato.
As manifestações estão proibidas no país da África Ocidental desde 2022, com as autoridades alegando “razões de segurança”.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e com cassetetes agrediu vários manifestantes, que responderam com pedras e outros objetos.
Determinados a enfrentar a forte repressão, alguns manifestantes se envolveram em verdadeiras batalhas de rua em diversas áreas consideradas redutos da oposição, onde a polícia os perseguiu.

Uma coalizão de 23 grupos togoleses de direitos civis — conhecida como Plataforma Nacional para o Espaço Cívico e a Eficácia do Desenvolvimento — pediu às autoridades que conduzam investigações sobre a sangrenta repressão policial.
Eles condenaram o que descreveram como “o uso de força desproporcional contra manifestantes pacíficos”, acrescentando que “o protesto pacífico é um direito fundamental, reconhecido tanto pela Constituição togolesa quanto pelos instrumentos internacionais ratificados pelo nosso país”.
A recente mudança de regime orquestrada pelo líder togolês continua a alimentar o ódio a uma verdadeira ditadura. Além do novo cargo, que Gnassingbé pode manter por toda a vida, a reforma constitucional no Togo pôs fim às eleições presidenciais e introduziu um sistema parlamentar.
A prisão e detenção psiquiátrica do rapper togolês Narcisse Essowè Tchalla, também conhecido como Aamron, em maio, atuou como um catalisador para a indignação pública, que já se manifestava contra o novo papel de Gnassingbé, culminando em mais de 50 prisões durante protestos do início de junho, no que a Anistia Internacional descreveu como uma repressão à dissidência.
Entidades da sociedade civil dizem que o novo cargo de Gnassingbé, cuja família governa o Togo desde 1967, é mais uma indicação do retrocesso democrático na África Ocidental, uma região conhecida por golpes e líderes que se consolidaram no poder por gerações.
Hodabalo Awate, ministro da administração territorial do Togo, não respondeu a um pedido de comentário sobre a violência da polícia nos protestos. A declaração do governo, no dia 28 de junho, elogiou a resposta das forças de segurança e disse que ocorreram “várias” prisões.
O governo ameaça processar os organizadores do protesto, chamando-os de “campanha de desinformação e ódio” orquestrada do exterior.

