No último sábado, dia 05, aconteceu a 10° edição do Julho Negro, no Museu da Maré, localizado na favela do Timbau, no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro.
O Julho Negro é uma articulação internacional contra a militarização, o racismo e o apartheid no mundo, organizado por movimentos sociais de favela e de mães e familiares vítimas da violência do Estado.
“O maior objetivo do Julho Negro é internacionalizar as lutas, denunciar as dores de quem sofre com a violação dos direitos humanos e somar forças contra aquelas que oprimem e matam em países que sofrem com o colonialismo, o racismo e qualquer outro tipo de opressão”, escreve Gizele Martins, jornalista e referência política da Maré.
Todas as edições do Julho Negro foram realizadas dentro das favelas e periferias do Rio. Segundo Gizele, “com as ausências de políticas públicas dentro das favelas e periferias, as temáticas passaram a ser não só em relação a violência policial, mas também foram debatidos temas como: falta d’água, direito à saúde pública, saneamento básico, insegurança alimentar, dentre outros assuntos referentes à vida cotidiana dos favelados e periféricos, mas também de outros povos ao redor do mundo”.
O décimo Julho Negro iniciou com uma mesa sobre o marco de dez anos em que o exército esteve na Maré, ‘10 anos da Intervenção Federal da Maré‘. O debate contou com Maria Cristina Quirino, do movimento ‘Os 9 que perdemos’, de Paraisópolis, São Paulo; Patrícia Oliveira, da Rede de Comunidades e Familiares Contra a Violência do Estado; Gizele Martins, do Julho Negro; Fransérgio Goulart, da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR); e Sandra de Jesus, mãe de Luiz Fernando, assassinado por policiais da ROTA, em São Paulo.

Em seguida, a mesa Resistências Abolicionistas teve a mediação da militante marxista Giselle Florentino, da IDMJR; participação de Nicole Burrowes, do Sister to Sister (EUA); e Priscilla Ferreira, do Sauti Yetu.

A última mesa Resistência contra o Genocídio Palestino, contou com Soraya Misley, palestina da Frente em Defesa do Povo Palestino – SP; Silvio Wittlin, do Árabes e Judeus Pela Paz; Gizele Martins, do Julho Negro; e Marcos Feres, da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal Brasil).

Este ano marca os 10 anos da intervenção militar na Maré, ocorrida para a realização dos megaeventos – Copa do Mundo e Olimpíadas. Anos depois, a favela passou por outra intervenção do Exército, em 2018, com a justificativa de conter a crise da segurança pública no estado.
Ao longo de dez anos, o Julho Negro trouxe ao Brasil lutadores, movimentos e coletivos de países como: Palestina, México, Haiti, Chile, África do Sul, Iraque, Colômbia, Venezuela, Estados Unidos, Honduras, Equador, entre outros.
Em uma publicação nas redes sociais, o movimento reafirma o seu objetivo e compromisso de “debater a internacionalização da militarização, do racismo e do apartheid no sul global. Ou seja, é denunciar as dores de quem sofre com a violação dos direitos humanos, mas principalmente somar forças contra aquelas que oprimem e matam em países que sofrem com o colonialismo e qualquer outro tipo de opressão.”
O evento homenageou a poetisa e militante Elaine Freitas, que faleceu em 2016, durante a edição do Julho Negro.


