Jovem é assassinado pela polícia em festa junina na favela Santo Amaro, zona sul do Rio

Herus Guimarães Mendes tinha 24 anos e trabalhava em uma imobiliária. Ele deixa um filho de apenas 2 anos.

Herus Guimarães Mendes, de 24 anos — Foto: Reprodução

Na madrugada deste sábado (07/06), o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) entrou atirando na favela Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, em meio a uma festa junina e assassinou Herus Guimarães Mendes, de 24 anos. O jovem trabalhava em uma imobiliária.

Além de Herus, ao menos mais cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Um adolescente de 16 anos está entre os feridos, assim como um homem identificado como Leurimar Rodrigues de Souza, 38 anos. O adolescente teve alta no início da tarde e Leurimar tinha o estado de saúde estável no início da tarde.

A festa era um encontro de quadrilhas juninas, que vieram de várias regiões do estado.

De acordo com Fernando Guimarães, pai de Herus, ele levou dois tiros. O jovem foi levado para o Hospital Glória D’Or, também na Zona Sul do Rio, mas não resistiu. Herus deixa um filho de apenas 2 anos. Revoltado, o Fernando pediu explicações sobre a operação policial que ocorreu durante a festa junina.

Revoltados com a morte de Herus, dezenas de moradores e parentes realizaram um ato por justiça em frente à delegacia do Catete, 9ª DP, na manhã deste sábado (7) — Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades

Cassiano da Silva, presidente da associação de moradores do Santo Amaro, chamou a ação de uma covardia e deu detalhes sobre a festa que tem uma longa tradição cultural no morro: “As quadrilhas de São Gonçalo, da Providência e do Leme já haviam se apresentado. Quando a nossa iria se apresentar, o Bope entrou. Foi uma tamanha covardia do estado. Era a estreia da nossa quadrilha. Em seguida, começamos a ver pessoas pisoteadas, crianças chorando, jovens sem saber o que fazer, pessoas baleadas…”.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que as pessoas estão participando da festa junina, dançando e comendo, quando começam os tiros. Em seguida, uma correria generalizada com gritos e denúncias de violência policial. Famílias, jovens e crianças estavam na festa.

Fernando Guimarães, pai de Herus, segura a roupa do filho, que estava com sangue — Foto: Anne Poly

Os peritos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) estiveram no IML no início da tarde de hoje e realizaram a perícia no corpo da vítima. O Ministério Público requisitou à PM a preservação das imagens das câmeras corporais utilizadas na ação.

À Corregedoria da PM, o MPRJ pediu esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos e impactos da operação, além do envio de todo o material coletado, incluindo registros audiovisuais. Já à Polícia Civil, foi solicitado o acesso de peritos do MPRJ ao Instituto Médico-Legal para acompanhar os exames de necropsia da vítima.

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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