Líder camponês na luta pela reforma agrária é assassinado no Pará

Ronilson foi executado por dois homens em uma moto que usavam capacetes e chegaram até sua casa pelos fundos e atiraram. 'Queremos manter o legado dele e saber quem são os covardes que fizeram isso', disse Janiele Anunciação, filha do agricultor.

Ronilson de Jesus Santos — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Na última sexta-feira (18), o agricultor Ronilson de Jesus Santos foi assassinado a tiros no quintal de sua casa, no município de Anapu, sudoeste do Pará. Ronilson era uma das principais lideranças locais ligadas à luta pela reforma agrária na região.

Ele também era dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf Brasil) e atuava na gestão do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá — um dos assentamentos criados pela missionária Dorothy Stang, em 2005, no Pará. Dorothy foi assassinada com seis tiros aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005,

Segundo informações, Ronilson foi executado por dois homens em uma moto que usavam capacetes, chegaram em sua casa pelos fundos e atiraram. ‘Queremos manter o legado dele e saber quem são os covardes que fizeram isso’, disse Janiele Anunciação de Jesus, filha de Ronilson, em entrevista ao G1 Pará.

Segundo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Altamira, município vizinho a Anapu.

Até o momento ninguém foi preso.

Em nota publicada nas redes sociais, a Contraf Brasil repudiou o crime e prestou solidariedade à família de Ronilson.

A confederação disse que “tem o compromisso de denunciar esse crime bárbaro” e que “vai tomar providências para exigir a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos responsáveis”.

A execução ocorre dias antes do lançamento do relatório anual “Conflitos no Campo Brasil” da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Ronilson deixa esposa e oito filhos.

Ronilson liderava assentamento agrário com 120 famílias em Anapu, no Pará — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse em publicação na rede social X, antigo Twitter, que a região “é palco de conflito entre agricultores e madeireiros”.

O ministro disse também que está tomando providências para que o crime não fique impune. Informou que conversou com o secretário de Segurança Pública do Pará (Segup) para pedir a investigação do caso e a proteção aos demais agricultores.

Teixeira solicitou à ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que o assentamento Virola Jatobá e o acampamento no Vale do Paracuru sejam incluídos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

O corpo do agricultor foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Altamira, onde passou por perícia e deve ser liberado para a família ainda neste domingo (20).

Mídia1508

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