Nesta quarta-feira (29), um dia após a maior chacina policial da história do Rio de Janeiro protagonizada pelo governo Cláudio Castro (PL), moradores da Penha, na Zona Norte da cidade, levaram mais 64 corpos para a Praça São Lucas, uma das principais da região. Com isso, sobe para pelo menos 124 o número de pessoas mortas pela polícia.
A marca supera a do emblemático Massacre do Carandiru, de 1992, quando a polícia militar de São Paulo assassinou 111 presos, segundo os números oficiais.
Os cadáveres foram encontrados com sinais de tortura e execução, como mãos amarradas, facadas e tiro na boca. 124 mortes sem qualquer informação ou perícia. Corpos sem nome, condenados de antemão como “criminosos” pelo Estado e pela imprensa e executadas e, por isso, não merecedoras nem mesmo dos direitos mais básicos.

Raull Santiago, ativista pelos direitos humanos e morador do Alemão, ajudou a retirar os corpos da mata. “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido com o que estou vendo hoje. É algo novo. Brutal e violento num nível desconhecido”, disse o ativista.
Moradores disseram que o objetivo de recuperar os corpos e levá-los até a praça era facilitar o reconhecimento por parentes. Confirmaram que deixaram as vítimas sem camisa para facilitar o reconhecimento, a fim de deixar visível tatuagens, cicatrizes e marcas de nascença.
Muitos dos mortos tinham feridas a bala – alguns estavam com o rosto desfigurado. Um tinha sido decapitado.
