Corpos são carregados em viatura como “lixo”, após mais uma chacina policial na favela de Manguinhos, no Rio

Na foto, policiais carregam corpos em uma viatura, prática ilegal, que evita qualquer possibilidade de investigação sobre como ocorreram as mortes, ficando apenas a versão do policial.

Policiais carregam corpos em uma viatura, prática ilegal, que evita qualquer possibilidade de investigação sobre como ocorreram as mortes, ficando apenas a versão do policial — Foto: Recebido por WhatsApp

Nesta terça-feira, em mais uma operação policial, seis pessoas foram mortas. A vítima da nova chacina foi a favela de Manguinhos, Zona Norte do Rio. fica ao lado da favela do Jacarezinho, local em que no ano passado 27 pessoas foram assassinadas em operação da civil e militar.

Na foto, policiais carregam corpos em uma viatura, prática ilegal, que evita qualquer possibilidade de investigação sobre como ocorreram as mortes, ficando apenas a versão do policial.

De acordo com moradoras, a usou inclusive helicóptero, atirando contra a população local. Essa prática é conhecida como “Caveirão Voador” pelos moradores. Ainda de acordo com pessoas que vivem na região, um dos jovens assassinados trabalhava em um lava-jato. Informam também que alguns atuavam como varejistas do tráfico de drogas, mas que isso jamais pode ser justificativa para matá-los.

Há informações de jovens que ficaram encurralados e foram torturados e ameaçados de morte por policiais.

Mais uma vez a ignora a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, ou “ADPF das Favelas”, que restringe operações policiais em favelas. Qualquer investida em comunidades precisa ser avisada ao Ministério Público e ter uma justificativa.

O Fórum Popular de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, entidade que atua no combate a política de “guerra às drogas” e que reúne dezenas de e organizações de direitos humanos, em nota, repudiou “a lógica da produção de guerra em territórios negros justificada pelo falso discurso de combate ao crime.”

Segundo o estado, policiais civis do Esquadrão Antibomba foram “alvos de ataque de criminosos quando passavam pela Avenida Dom Hélder Câmara, a caminho da Cidade da Polícia. Houve reação e os agentes solicitaram reforço.” A operação que resultou em mais uma chacina foi da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Civil.

Outra imagem dos corpos carregados em uma viatura policial, prática ilegal, que evita qualquer possibilidade de investigação sobre como ocorreram as mortes, ficando apenas a versão do policial — Foto: Recebido por WhatsApp

A violência do Estado

Somente em 2020, 64% das pessoas baleadas no estado foram atingidos durante ações e operações policiais, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Jacarezinho foi o local que mais sofreu com massacres.

Ainda no mesmo ano, somente em março e abril, 290 pessoas morreram no Estado em operações policiais, embora parte da população estivesse confinada em casa por recomendação das autoridades e os crimes em geral tenham diminuído. Esse número de vítimas equivale a um terço dos mortos pela polícia norte-americana em todo o ano de 2019.

As 290 mortes por intervenção policial no Rio – em dois meses marcados pelo confinamento para conter os contágios por coronavírus – representam um aumento de 13% em relação a 2019, ano em que as mortes já foram recorde. Só em abril, o número de mortes subiu 43% em relação ao mesmo mês do ano passado. No quadrimestre, o Rio soma 606 mortes pela ação do Estado – 8% a mais que no mesmo período de 2019, conforme dados do Instituto de Segurança Pública.

Em 2021, em uma operação da Civil e Militar na Favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, 27 pessoas foram assassinadas. O caso ficou conhecido como a “Chacina do Jacarezinho”. Neste ano, 23 pessoas foram mortas pela na Vila Cruzeiro, na Penha, também na Zona Norte da cidade. As chacinas policiais são comuns no Rio de Janeiro.

Uma das pessoas assassinadas em mais uma operação da que resulta em mais uma chacina, com seis mortos, na favela de nesta terça-feira (12) — Foto: Recebido por WhatsApp

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

2 Comentários

  1. Eu sou de Esquerda, mas defender traficantes que praticam todo o tipo de covardia contra os trabalhadores da comunidade aí não. Se não matou morador, trabalhador, tudo bem. Pode matar mesmo. Não contem comigo para defender bandidos canalhas, assassinos e estupradores!!!

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