No dia 9 de julho, quinta-feira, em Atenas, na Grécia, uma manifestação em massa contra uma nova lei para conter os protestos públicos levou milhares de pessoas para as ruas. Mais de 10.000 manifestantes se reuniram no centro de Atenas, muitos apoiando um sindicato ligado ao Partido Comunista Grego.
O governo conservador do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis disse que está determinado a impedir que protestos atrapalhem o tráfego e as atividades comerciais. Mitsotakis, líder dos conservadores é membro de uma dinastia de políticos gregos. O projeto foi aprovado por 187-101 votos no parlamento.
Revoltados com aprovação da lei, os manifestantes atacaram a repressão que fazia a segurança em frente ao parlamento. Os manifestantes avançaram e lançaram coquetéis molotov na Polícia de Choque, próximo ao parlamento, que usou gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e agressões com cassetetes. Seis policiais ficaram feridos.
Nove pessoas foram presas e mais quinze detidas para interrogatório, segundo jornais locais. Ocorreram manifestações em Atenas e em dezenas de outras cidades e vilas gregas, que se opõem aos planos do governo.
A legislação, que foi aprovada por 187 dos 300 membros do parlamento, impõe restrições às manifestações ou a completa proibição se considerar que os protestos ameaçam a segurança pública. Também responsabiliza os organizadores pelos danos e ferimentos causados pelos manifestantes.
A nova lei foi amplamente condenada por vários grupos da sociedade grega, incluindo partidos da oposição, a ONG Anistia Internacional, a Ordem dos Advogados de Atenas, sindicalistas e o próprio comitê de revisão legislativa do parlamento grego.
Os críticos das reformas propostas argumentaram que os planos de processar manifestantes que participarem de comícios não sancionados e responsabilizar os organizadores de protestos pelos danos causados, caso se tornem violentos são legalmente absurdos.
Já existe uma previsão de que a Grécia sofra uma grande recessão este ano devido ao impacto da pandemia, perdendo 9% de sua produção anual, segundo projeções de organizações europeias. Na prática, o governo pretende introduzir as medidas para permitir o policiamento pesado, o aumento da repressão com uma ferramenta “legal”. A recessão causada pela pandemia provocará grandes protestos trabalhistas pelo mundo, segundo alguns analistas. E que, portanto, o governo grego estaria criando formas de evitar manifestações contra futuras medidas de austeridade.
A Anistia Internacional destacou uma “séria preocupação” com a nova lei, dizendo que contraria as disposições internacionais de direitos humanos.
Assista o vídeo do protesto: via Perseus999.