Líbano: Banco Central queima em protesto contra governo e sistema financeiro

A noite de quinta-feira (11) e a madrugada de sexta (12) foram marcadas por protestos no Líbano, após novo recorde de desvalorização da libra, moeda nacional, na última semana. A indignação tomou as ruas do país devido à inaptidão do governo em conter a crise econômica, que devastou o padrão de vida dos cidadãos libaneses.

Por meio da hashtag #LebanonProtests é possível ter uma ideia da intensidade das manifestações. Bancos privados foram destruídos e até uma agência do Banco Central libanês foi incendiada.

Foto: AFP


Uma das reivindicações dos manifestantes é pela saída do atual governador do Banco Central, Riad Salameh, acusado de favorecer o endividamento do Estado para beneficiar políticos e banqueiros. Em abril, Salameh já havia sofrido críticas por parte do Hezbollah, partido que integra da base do próprio governo.

O descrédito com a economia soma-se ainda à raiva contra o primeiro ministro, Hassan Diab. Diab assumiu o cargo em janeiro, após seu antecessor, Saad Hariri, ter sido obrigado a renunciar devido à pressão das manifestações que já sacudiam o desde outubro de 2019.

Foto: AJ+

Em Trípoli, segunda maior cidade libanesa, embates entre forças de segurança e manifestantes deixaram 41 pessoas feridas, de acordo com dados da Cruz Vermelha local divulgados pela rede de televisão Al Jazeera.

Economia em derretimento

A agravou a crise econômica no Líbano, a pior desde o final da Civil Libanesa (1975-1990). A libra perdeu cerca de 70% de seu valor desde outubro. Empresas fecham as portas e o desemprego já atinge 35% da população, segundo a agência AFP — ou seja, um em cada três cidadãos libaneses não tem trabalho. De acordo o Banco Mundial, 45% dos libaneses estão vivendo abaixo da linha de pobreza.

Para piorar a situação, os bancos têm imposto restrições a transferências e saques — uma espécie de “Plano Collor” libanês — o que tem gerado ainda mais na população.

O governo busca um empréstimo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), mas teve sua proposta de acordo rejeitada pela entidade, que exigiu um plano com ainda mais cortes de gastos sociais para liberar recursos.

Manifestantes voltaram às ruas em todo o no sábado, em particular, nas cidades de Beirute, Trípoli (norte) e Sidon (sul), expressando indignação sobre a mais recente deterioração das condições de vida no país; muitos reivindicaram a renúncia do atual governo.

Erick Rosa

“Só serei verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e mulheres, forem igualmente livres, de modo que quanto mais numerosos forem os homens livres que me rodeiam e quanto mais profunda e maior for a sua liberdade, tanto mais vasta, mais profunda e maior será a minha liberdade.” — Mikail Bakunin

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