Na manhã desta segunda feira (25), o indígena Fulni-Ô Ubirajara Zeferino da Cruz, de 21 anos, foi encontrado morto carbonizado na cidade de Águas Belas, agreste pernambucano. O corpo apresentava sinais de tortura. Segundo relatos, a vítima teve os pés e as mãos amarrados antes de ser queimado vivo.
O estado nordestino tem sido cenário de agressões contra os povos originários. No último dia 26 de dezembro, a Escola Estadual Indígena José Luciano, que atende aos índios Pankararu da aldeia Caldeirão, foi alvo de um ataque incendiário no município de Jataobá. Pelo menos duas salas foram atingidas. Foi a segunda unidade educacional localizada em terras indígenas que foi alvo de incêndio em um intervalo de dois meses, em Pernambuco.
Em 29 de outubro, uma escola e uma Unidade de Saúde da Família foram incendiadas no sítio Bem Querer de Baixo, na mesma cidade. No dia 9 de dezembro, uma igreja utilizada pelos indígenas foi depredada. Os crimes foram uma retaliação de posseiros, após terem sido despejados do território Pankarau.
De acordo com o relatório mais recente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), realizado com dados de 2017, 110 indígenas foram assassinados no país naquele ano. As informações são da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), subordinada ao Ministério da Saúde.
A entidade ressalta que o número é, muito provavelmente, menor do que a quantidade real de homicídios. De acordo com a própria Sesai, muitos casos deixam de ser notificados.