Nesta quinta-feira (8), dia internacional da mulher proletária, milhares de mulheres ocuparam as ruas do Centro do Rio contra o feminicídio, a violência proposital de mulheres somente por serem mulheres. A manifestação também denuncia a intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro.
As manifestantes se concentraram na Candelária às 17 horas. Em seguida, marcharam pelas ruas do Centro com palavras de ordem contra o machismo, as reformas do governo e a intervenção militar no Rio. O aborto, outra reivindicação histórica da luta das mulheres, foi gritado e lido em faixas e cartazes com a lembrança de que muitas mulheres pobres e trabalhadoras morrem pela proibição. A manifestação contou com uma grande diversidade, com mulheres indígenas, negras e da periferia e favelas da cidade, mulheres trans e grupos LGBT. O protesto marchou até a Praça XV, onde foi encerrado com a palavra de ordem “feminismo é revolução”.
Este 8 de março se transformou em um grande marco político com mobilizações e protestos por todo o mundo. Milhões foram às ruas em todo o mundo. Só no Estado Espanhol, estima-se mais de 5 milhões de mulheres e homens envolvidos nas manifestações e na greve. Na Argentina uma grande manifestação ocorreu em Buenos Aires e em mais de 150 países, entre manifestações e greves parciais. Milhares de mulheres saíram às ruas na Turquia, França, Austrália, Chile e tantos outros. No Brasil em muitas cidades e capitais ruas foram fechadas pelas marchas das mulheres. A imprensa comercial brasileira escolheu se calar.
O Dia Internacional da Mulher Proletária foi proposto por Clara Zetkin, dirigente do Partido Comunista da Alemanha e da Internacional, na Conferência de Mulheres Socialistas realizada em Copenhague, Dinamarca, em 1910.
A cada 11 minutos acontece um estupro no Brasil
Mais de cinco pessoas são estupradas por hora no Brasil, dados oficiais do próprio Estado brasileiro. O país registrou, em 2015, 45.460 casos de estupro, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal. O número máximo, de mais de 454 mil estupros, se apoia no estudo Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta que, no país, apenas 10% dos casos de estupro chegam ao conhecimento.
O machismo não é algo que se expressa somente no cotidiano das pessoas. Ele existe nas instituições e na forma como aqueles que operam essas instituições agem. As mulheres são vulneráveis não apenas à violência sexual, mas também ao machismo institucional.
Em relação às mulheres transexuais, no Brasil, a expectativa de vida é de apenas 30 anos, sem contar que a maioria das trans acabam nas ruas e na prostituição para sobreviver. A dificuldade de conseguir outro meio de vida se dá pelo grande estigma e preconceito da sociedade.
A realidade é que vivemos em uma sociedade patriarcal, de atos constantes de machismo. O assédio diário nas ruas, violência física e psicológica, salários desiguais, objetificação do corpo feminino, estupro etc […] tudo isso é tratado como algo natural nas relações sociais. Mas não é. É uma construção social do patriarcado e toda sociedade patriarcal é, sem sombra de dúvidas, doente.
Fotos da manifestalção: