A verdade sobre a fracassada “magaoperação” do governo Cláudio Castro (PL)

Nenhum dos mortos estava entre os 100 nomes que tinham contra si mandados de prisão que justificaram a ação.

Carro incendiado em uma das entradas da Vila Cruzeiro, na Penha, 29.10.2025 - Foto: Rafael Daguerre/1508

A chacina na Penha e no Alemão no Rio, que a polícia e boa parte da imprensa chamam de megaoperação, terminou – segundo números oficiais – com 121 mortos, entre eles quatro policiais.

Entre tantos números hediondos e por vezes desencontrados, o que se sabe é o seguinte: nenhum dos mortos estava entre os 100 nomes que tinham contra si mandados de prisão que justificaram a ação. Nenhum. Quanto aos presos, 113, apenas 20 deles tinham os mandados que deram origem à operação. Metade dos mortos tinha ao menos um mandado de prisão e 54 homens que morreram não tinham sequer um mandado de prisão. De prisão, não de execução.

A polícia do Rio admitiu que 17 de suas vítimas fatais não tinham nenhum histórico criminal, mas usou dados de redes sociais para estabelecer vínculos entre algumas dessas vítimas e o Comando Vermelho. Num dos casos, de Thiago Neves Reis, uma bandeira vermelha triangular em forma de emoji foi apontada como indício de pertencer à facção. O rapaz de 26 anos não tinha mandado de prisão, não era investigado e não possuía antecedentes criminais. Em outro caso de Kauã de Souza Rodrigues da Silva, de 18 anos, a polícia disse que suas redes sociais não exibiam postagens desde 2022, o que indicaria eliminação de possíveis provas de participação no tráfico. Ele também não tinha antecedentes criminais.

A Defensoria Pública foi impedida de acompanhar as perícias dos cadáveres no IML. É na perícia que se distingue confronto de execução — tiro à queima roupa, disparo de cima para baixo, fraturas pós-morte, sinais de tortura. Há relatos documentados de corpos mutilados e uma mãe afirma: “Arrancaram o braço do meu filho”.

Marca da violência pelos becos da favela Vila Cruzeiro, na Penha, 29.10.2025 — Foto: Rafael Daguerre/1508
Marca da violência pelos becos da favela Vila Cruzeiro, na Penha, 29.10.2025 — Foto: Rafael Daguerre/1508

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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