Manifestantes atacam a repressão policial em protesto por memória do massacre estudantil de 1968

Massacre de Tlatelolco: quando militares mataram centenas de estudantes em 1968. Estima-se que entre 300 e 400 pessoas foram assassinadas.

Manifestantes e policiais se enfrentam durante protesto em comemoração ao aniversário do massacre de Tlatelolco, em 1968, quando soldados atiraram contra estudantes, na Cidade do México, 2 de outubro de 2025 — Foto: Claudia Rosel/AP

A marcha pela memória do massacre estudantil de 2 de outubro de 1968 completa seu 57º aniversário e levou milhares de pessoas às ruas para protestar. A manifestação se tornou violenta em confronto com a polícia da Cidade do México.

Os manifestantes marcharam na última quinta-feira (02/10) da praça Tlatelolco — onde há 57 anos tropas mexicanas atacaram estudantes que exigiam o fim da militarização do México e maiores liberdades, deixando um número de mortos estimado em centenas — até a praça central da capital.

Mais de 120 pessoas ficaram feridas, incluindo 94 policiais, quando uma multidão lançou coquetéis molotov contra policiais e os atacou com martelos e pedras. Vitrines de lojas também foram quebradas durante a revolta. Estima-se que 10.000 pessoas participaram da marcha.

Manifestantes carregam bandeiras Palestinas durante a marcha em comemoração ao 57º aniversário do massacre de Tlatelolco, ocorrido em 2 de outubro de 1968, na Cidade do México, México, 2 de outubro de 2025 – Mario Guzman/EPA

Apoio à Palestina

A marcha anual pela memória do massacre de Tlatelolco foi composta também pelas demandas para pôr fim ao genocídio promovido por Israel em Gaza, que completou dois anos.

A marcha desse ano foi repleta de bandeiras e cartazes palestinos exigindo o fim da guerra genocida de Israel em Gaza. Israel matou mais de 66.000 palestinos e feriu pelo menos 168.000 outros desde 7 de outubro de 2023.

O protesto acontece depois que Israel ameaçou os moradores restantes da Cidade de Gaza a deixarem o local ou enfrentarem “toda a força” de seus ataques terrestres e aéreos, com o Ministro da Defesa, Israel Katz, dizendo que qualquer um que ficasse seria considerado “terrorista e apoiador do terrorismo”.

Manifestante lança um coquetel molotov contra a repressão policial durante o protesto pela memória dos estudantes assassinados pelos militares em 1968, Cidade do México, 2 de outubro de 2025 — Foto: Galo Cañas/Cuartoscuro

Por que os manifestantes estavam marchando?

O confronto violento tem motivo e é uma mensagem ao Estado e sua repressão. A marcha é um evento anual que acontece na data do massacre de Tlatelolco de 1968.

Em 2 de outubro de 1968, em Tlatelolco, Cidade do México, as Forças Armadas Mexicanas abriram fogo contra um grupo de civis desarmados que protestavam contra as próximas Olimpíadas na Plaza de las Tres Culturas. O número de mortes é contestado. De acordo com os arquivos de segurança nacional dos EUA, a analista americana Kate Doyle documentou a morte de 44 pessoas, o que já é um número grande. No entanto, as estimativas do número real de mortos variam de 300 a 400, com testemunhas oculares relatando centenas de mortos.

Além de prestar homenagem às vítimas do massacre estudantil ocorrido há 57 anos, os manifestantes exigiram justiça no caso Ayotzinapa, o fim do genocídio em Gaza e soluções para a crise dos desaparecidos no México.

Félix Hernández Gamundi, líder do movimento estudantil de 1968, disse que a violência que aconteceu há 57 anos “não foi um massacre; foi um genocídio, e devemos identificá-lo com precisão e chamá-lo pelo que foi”.

“Da mesma forma, não há guerra em Gaza”, disse ele. “Em vez disso, é genocídio, uma prática de extermínio realizada passo a passo da maneira mais cínica por um governante enlouquecido com convicções fascistas e repressivas”, disse ele.

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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