Nesta quinta-feira (27), o ato contra a privatização da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foi reprimido pela PM com muita violência contra os manifestantes. A manifestação aconteceu em frente a sede da Secretaria de Transportes de São Paulo.
O protesto foi organizado pelo movimento Não Privatiza e composto por familiares e amigos de ferroviários, e denuncia os impactos da concessão para os trabalhadores e a população.
O leilão está marcado para amanhã, sexta-feira (28), e a manifestação tentava anular ou adiar a decisão. Apesar da mobilização, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), político da extrema direita brasileira, declarou que pretende seguir com as concessões mesmo diante de uma possível greve.
Além da Polícia Militar, a Força Tática e o Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) foram acionados para reprimir a manifestação. Trabalhadores e estudantes que protestavam foram literalmente espancados pelas polícias. Três pessoas foram presas.
Tarcísio pretende leiloar amanhã (28) as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, o que vai piorar o serviço e torná-lo mais caro. A venda das linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante fez com que elas se tornassem as piores, com as maiores quantidades de ocorrências de falhas e acidentes, incluindo descarrilamentos, incêndios, explosões e desabamento de tetos de estações. Já a privatização da linha 7-Rubi prejudicou os trabalhadores ao deixar de passar pelas estações Luz e Brás, obrigando aos usuários realizarem mais baldeações.

No Rio de Janeiro, de onde vem Tarcísio, após a venda dos trens para a empresa SuperVia, a passagem saltou para R$ 7,60, além do serviço ter piorado. A partir de 12 de abril o valor custará R$ 7,90.
Segundo os organizadores, a mobilização na Secretaria de Transportes tinha como objetivo buscar diálogo com o governo. No entanto, os manifestantes foram alvo de violenta repressão policial.
Os manifestantes também criticaram a falta de transparência e a ausência de consulta popular sobre a privatização. “Se a empresa foi construída com o dinheiro dos trabalhadores, deveríamos ter o direito de decidir se queremos vendê-la ou não. Pedimos um plebiscito, mas não tivemos resposta.”

Um dos principais pontos levantados pelo movimento é o aumento do desemprego, historicamente, empresas privadas que assumem serviços públicos realizam cortes massivos de funcionários.
Caso seja realizada a privatização, os manifestantes alertam para a precarização do serviço. “A empresa que compra a CPTM não está interessada em servir a classe trabalhadora, está interessada apenas no lucro”, afirmou Roseli Simão, uma das lideranças do movimento. Ela citou exemplos de outras privatizações, como a Enel e a Sabesp, que, segundo ela, pioraram a qualidade dos serviços prestados. “Hoje a conta de luz está mais cara e o fornecimento de energia é instável. Na Sabesp, em áreas mais pobres, a água muitas vezes não chega.”
Os manifestantes prometem nova manifestação amanhã (28) em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, a partir das 16 horas, na Rua Quinze de Novembro, 275, próximo à estação São Bento da linha 1-Azul do Metrô.
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Com informações do ICL e da página Fim da PM no Brasil.