Por Pedro Rios Leão
O que me irrita muito no debate sobre o nazismo é que se trata de um jogo de ostentação moral. E esse jogo não é despropositado, tem o propósito de fazer crer que aquele era um regime demoníaco, genocida, anti-humano, ao contrário do regime que vivemos no pós segunda guerra.
Esse é lindo, humano, justo, e válido. Operação Condor é uma bobagem, um detalhe na nossa linda democracia, que é muito diferente do nazismo.
Quando o imbecil do podcast usa a palavra proibida “nazismo”, aí o mundo acaba, ele é demitido, perde patrocinadores.
Mas quando o nazista declara que a especialidade dele é matar, quando o candidato a vice do nazista declara que eles são os profissionais da violência, quando ele simplesmente compara a população negra a cabeças de gado, o nazista é recebido com floreios no Hebraica.
Para ser rechaçado, o nazista tem que copiar o discurso do Goebbels, imitar o figurino, a cenografia e ainda tacar um Wagner de trilha sonora para acabar com qualquer dúvida.
Esse é o problema da criminalização do nazismo: é um fetiche estético.
Não pode a palavra “nazismo”, não pode o uniforme, não pode a identidade visual, não pode a parafernália, os bibelôs. A política pública nazista está liberada. Genocídio étnico, monopólio corporativo, violência policial, grupos de extermínio, isso tudo está liberado porque não é “nazismo”.
Para um latino americano, a bandeira nazista e a norte americana significam a mesma coisa.
Para um membro dos povos originários, a bandeira do Brasil e a bandeira nazista dão na mesma coisa.