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EUA: Novo caso de assassinato por asfixia de um homem negro pela polícia

Daniel Prude é mais um homem negro desarmado e sem oferecer qualquer resistência física, que é assassinado pela polícia.

Momento em que policial coloca capuz em Daniel Prude em Rochester, perto de Nova York, nos EUA, em 30 de março — Foto: Rochester Police via Roth and Roth LLP via AP

Mais um homem negro desarmado foi assassinado pela polícia nos EUA, agora, no estado de Nova York. Daniel Prude morreu depois de agentes colocarem um capuz em sua cabeça e mantê-lo com o rosto voltado para o asfalto por dois minutos, levando-o à morte por asfixia.

O caso veio à tona após a família liberar as imagens gravadas pelas câmeras dos próprios policiais quase seis meses depois. A morte de Prude ocorreu no dia 23 de março, antes mesmo do caso de George Floyd, em maio, quando um policial branco se ajoelhou em seu pescoço por quase oito minutos em Minnesota. Floyd morreu asfixiado e protestos contra o racismo e a foram realizados em todo o mundo.

Durante todo esse tempo a família brigava na para conseguir as imagens. O vídeo foi divulgado na quarta-feira (2). Com o vídeo liberado, novos protestos tomaram as ruas de Rochester, em mais um dos vários atos pelos  contra o racismo e a violência policial.

As imagens mostram que Prude estava nu e desorientado quando os agentes colocaram sobre sua cabeça uma espécie de capuz usada para evitar que a saliva do detido se espalhe para as pessoas ao redor — medida controversa nos Estados Unidos. Uma prática conhecida, inclusive, por ser utilizada por torturadores. O uso dessa prática virou medida padrão durante a do novo coronavírus.

Os críticos que se opõem ao seu uso dizem que são angustiantes e humilhantes, podem causar pânico na pessoa detida e tornar mais difícil perceber se um prisioneiro está com dificuldade para respirar.

Prude fica agitado, às vezes xinga os policiais que o cercam e cospe, mas não oferece nenhuma física, como provam as imagens. Em seguida, os policiais colocam o capuz e pressionam a cabeça de Prude contra o chão. Aos poucos, ele perde os sentidos.

Assista o vídeo:

Médicos tentaram reanimá-lo antes de ele ser levado para uma ambulância. Daniel Prude ficou em um aparelho de suporte de vida por uma semana até sua morte, em 30 de março.

O advogado da família disse que o motivo pelo qual o caso não foi tornado público mais cedo foi que levou “meses” para que as imagens policiais fossem divulgadas. As imagens da câmera no colete do policial foram obtidas pela família por meio de um pedido de informação pública.

A família de Prude relatou nesta quarta-feira (2) que Daniel sofria de problemas de mental causado pelas mortes de sua mãe e de dois irmãos. Ele vivia em Chicago, mas visitava os parentes em Rochester com frequência para ficar mais próximo dos familiares.

Daniel Prude, de 41 anos, tinha cinco filhos — Foto: Courtesy Roth and Roth LLP via AP

No dia em que foi detido, Daniel Prude foi levado a um hospital para exames. Ao voltar para a casa da família, ele subitamente saiu correndo pela rua e tirou as roupas. Um irmão, então, ligou para o 911 — telefone dos serviços de emergência dos EUA.

Trabalhador de um armazém de Chicago e pai de cinco filhos, Daniel Prude estava visitando seu irmão no momento de sua morte. Joe, irmão de Prude, ligou para a polícia em Rochester, Nova York, em 23 de março, porque seu irmão estava sofrendo de problemas agudos de mental.

“Eu fiz uma ligação pelo meu irmão para pedir ajuda, não para meu irmão ser linchado”, disse ele em entrevista coletiva na quarta-feira.

O vídeo mostra que Prude obedeceu imediatamente quando os policiais chegaram ao local e ordenaram que ele deitasse no chão e colocasse as mãos atrás das costas. Ele pode ser ouvido dizendo várias vezes: “Sim, senhor. Sim, senhor. Sim, senhor. Sim, senhor.”

De acordo com um relatório de exame feito após a morte de Daniel Prude, visto pelo jornal Democrat and Chronicle de Rochester, trata-se de um homicídio causado por “complicações de asfixia em ambiente de contenção física”. O relatório também listou o PCP, uma forte droga alucinógena, como complicação.

Na mesma noite em que o caso veio à tona, manifestantes montaram um pequeno memorial perto do local onde os policiais foram gravados colocando o capuz sobre a cabeça de Prude. Diversos movimentos sociais, como o Black Lives Matter, vêm pedindo que os policiais envolvidos no caso sejam processados por assassinato.

As tensões aumentaram novamente nos nas últimas semanas depois que o Jacob Blake foi baleado sete vezes nas costas e ficou paralisado durante ação da polícia em Kenosha, Wisconsin, em 23 de agosto, gerando grandes protestos na cidade.

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

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