Neste domingo, protestos antirracistas e antifascistas tomaram as ruas do Brasil e do mundo em meio à pandemia de COVID-19, que expõe mais ainda à morte o povo preto.
No Rio de Janeiro, desde cedo as forças do Estado tentaram evitar que as manifestações ocorressem, com detenções arbitrárias e revistas coercitivas, tendo, inclusive, chegado a apontar armamentos letais contra um grupo de jovens que se preparava para se juntar à mobilização. No Centro da cidade a polícia prendeu cerca de 30 pessoas que foram levadas para a 21ª Delegacia de Polícia, no bairro de Bonsucesso. Os manifestantes ficaram detidos por quase 8 horas até serem liberados. Sem qualquer acusação, muitos foram levados sob alegação de álcool em gel. Desse enorme grupo de pessoas, cerca de 17 jovens estavam a caminho de um protesto antifascista para impedir uma manifestação fascista de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, em Copacabana, zona sul da cidade.
Apesar do enorme contingente policial intimidando os manifestantes já na concentração, o ato ‘Vidas Negras Importam’, organizado exclusivamente por coletivos de favelas, reuniu uma multidão de pessoas no centro da cidade. Todas com um grito entalado na garganta: não conseguimos mais respirar! Foi uma demonstração de coragem diante do avanço da necropolítica e do fascismo, dada justamente por aqueles que são hoje mais vulneráveis aos seus efeitos.
‘É nós por nós’ afirmaram os coletivos, mais uma vez deixando evidente a falência das forças institucionais e partidárias diante da realidade que agora se impõe.
Foram lembrados os nomes daqueles que perderam sua vida pela violência do Estado e pelo racismo estrutural, sendo mencionado também o recente caso do menino Miguel do Recife.
Em um ponto do percurso, as pessoas brancas foram convidadas a fazer uma linha de isolamento à manifestação, reconhecendo seu privilégio e tentando revertê-lo para algo útil na luta.
Em um outro momento do ato, alguns dos participantes propuseram uma performance, soando uma sirene policial e indicando a todos que se ajoelhassem. Um grupo de ativistas do movimento negro, no entanto, se sentiu incomodado com o simbolismo do gesto, copiado das manifestações internacionais.
“A favela não se ajoelha!” gritaram, recusando-se a agachar diante dos agentes da repressão.
O levante negro apenas começou. Após a tortura e assassinato de George Floyd e as revoltas iniciadas na cidade de Minneapolis, que tomaram o mundo de protestos e levantes populares, levou a luta contra o racismo e a violência policial aos quatro cantos do planeta.
Assista a nossa transmissão #aovivo do protesto: