Pelo menos 229 pessoas ficaram feridas, após a repressão da polícia militar contra os participantes do bloco de carnaval Fervo da Lud, que desfilava na manhã desta terça-feira (5), no centro do Rio. Os PMs usaram bombas de efeito moral, gás de pimenta, gás lacrimogênio e cassetetes contra os foliões. Bombeiros civis informaram ter feito 130 atendimentos no local. Destacaram que, após a confusão, uma criança, de aparentemente 3 anos de idade, inalou gás lacrimogênio e foi socorrida desacordada. Segundo a Riotur, cerca de 1,2 milhão de pessoas estavam presentes no evento
O ataque provocou correria do público pelas ruas transversais à Avenida Antonio Carlos, onde ocorria o desfile. De acordo com relatos de testemunhas, o bombardeio começou após uma tentativa de furto.
Desde o início o clima no bloco era tenso. A PM, que formava um cordão de isolamento entre “convidados” dos organizadores e a massa, retirava com violência qualquer pessoa “não autorizada” que se aproximasse. Os policiais também atacavam pessoas que portavam bebidas. Ao menos dois isopores foram quebrados, provocando a revolta da multidão, que, em vários momentos, xingavam os agentes.
Um dos foliões que hostilizava a corporação foi cercado e espancado com cassetetes. Bastante machucado, o homem, que não teve a identidade revelada, foi levado de ambulância para o hospital, acompanhado por cinco policiais. A polícia tentou impedir que jornalistas registrassem a agressão. “Não tira foto para não se complicar”, disse um dos PMs.
O autônomo Romildo Ribeiro, de 27 anos, contou ter escutado uma explosão que deixou os foliões bastante assustados, mas pouco depois começaram a voltar a curtir o carnaval novamente. Em seguida, o cortejo tornou a ser interrompida por outras bombas de efeito moral lançadas pelos policiais.
“Todo mundo ficou apavorado. Tinham pessoas sendo pisoteadas, caindo, chorando, passando mal. A rua estava muito cheia. Não tinha pra onde correr. Foi bem assustador”, relatou o jovem, que estava acompanhado da namorada e da sobrinha.