Uma mulher de 22 anos, que estava grávida de cinco meses, perdeu o bebê ao ser baleada por um policial militar em São Paulo.
O crime aconteceu no sábado (22/12) no Jardim Ângela, zona sul da capital paulista, após uma suposta perseguição por PMs do 37º Batalhão a uma motocicleta que transportava a gestante na garupa. A jovem foi socorrida no Hospital Municipal Moises Deustch, no M’Boi Mirim, não tendo sido divulgadas informações de seu estado de saúde. Na chegada ao local, constatou-se a morte do bebê por conta do tiro.
O condutor da moto foi levado para a 47ª Delegacia de Polícia (Capão Redondo) e foi registrado um boletim de ocorrência por “desacato”. A moto que ele dirigia não tinha nenhuma irregularidade, de acordo com a Polícia Civil. O motociclista foi liberado assim que foi feito o registro.
No ano de 2017, a letalidade policial atingiu o maior índice em 25 anos no Estado de São Paulo. Foram contabilizados 940 civis mortos, marca que só perde para 1992, ano em que a PM paulista matou 1.470 pessoas (dentre elas as pelo menos 111 vítimas do Massacre do Carandiru). O resultado confirmou uma curva ascendente que tem sido verificada desde 2014.
Os dados, da própria ouvidoria da corporação, estão na pesquisa Uso da Força Letal por Policiais de São Paulo e Vitimização Policial. O levantamento analisou 756 ocorrências, cerca de 80% do total. Na avaliação do órgão em 562 casos (ou 74%) houve “excessos” por parte dos agentes, com a vítima sendo atingida por quatro ou mais projéteis e os disparos sendo efetuados pelas costas e/ou na cabeça. Somente na amostra observada, foram registradas 2.381 perfurações por armas de fogo. O relatório demonstra ainda que mais da metade das vítimas (54%) não possuíam antecedentes criminais, 76% só chegaram até o ensino fundamental e 99% não fizeram curso superior. 65% foram identificadas como negras.
Segundo o Anuário de Segurança Pública 2018, com informações de 2017, o Brasil registrou 5.144 mortes por intervenção policial, um aumento de 20,5% em relação ao ano anterior. Já é a segunda principal causa de assassinatos, ultrapassando os feminicídios (946) e os latrocínios (2.447). Ou seja, em nosso país, é mais provável ser vítima de um tiro da polícia do que morto por um assaltante durante um roubo.