Enterro de Anderson Gomes, assassinado com Marielle

“Nós não vamos no calar. Vamos continuar e exigimos que se descubra quem foi que fez isso…”, diz Roberto Matias, tio de Anderson.

Esposa de Anderson com as mãos no caixão — Foto: Uilton Oliveira/1508

Nesta quarta-feira à noite, 14 de março, Anderson Gomes foi assassinado dentro do carro em que dirigia, junto com a vereadora e Defensora dos Direitos Humanos, Marielle Franco. Anderson era motorista de Marielle.

O enterro no no Cemitério de Inhaúma contou com centenas de pessoas, entre familiares e amigos, que acompanharam inconformados com o assassinato. Muita comoção e revolta. O corpo de Anderson foi velado na Câmara dos Vereadores, e depois levado para o cemitério. Anderson estava na linha de tiro e foi atingido por três balas, no lado esquerdo das costas. Ele morreu dentro do carro, antes do socorro chegar.

Anderson tinha 39 anos e era motorista da Uber.

Há dois meses trabalhava para a vereadora Marielle Franco, substituindo o motorista oficial da parlamentar, que se acidentou. Para Anderson era um bico, um dinheiro extra que ele ganhava para ajudar na criação do filho Artur, de um ano de idade.

O corpo de Marielle Franco chegou por volta das 17h 30m ao Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio.

Os cortejos aconteceram no mesmo horário.

Entrevista com Roberto Matias, tio de Anderson: “Nós não vamos no calar. Vamos continuar e exigimos que se descubra quem foi que fez isso…”

No Centro, milhares de pessoas se concentraram na Alerj para o protesto contra os assassinatos. O ato caminhou até a Cinelândia com palavras de ordem contra a PM, contra o do judiciário e contra a intervenção militar. A polícia não acompanhou para evitar ser hostilizada.

Ocorreram protestos em diversas cidades do país pedindo justiça.

Os principais suspeitos da execução de Marielle e Anderson são policiais do 41° batalhão da PM. Recém-nomeada para fazer parte da comissão que fiscalizará a intervenção nas favelas fluminenses, no domingo, dia 11, Marielle denunciou policiais do 41° batalhão da PM carioca por violações e execuções cometidas em Acari. Marielle denunciava o da população preta e de pelo Estado.

A execução

O crime político ocorreu na rua João Paulo I, no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro, por volta das 21h30 do dia 14.

A assessora de Marielle foi atingida por estilhaços e levada para o Hospital Souza Aguiar e liberada em seguida. Ela é a única testemunha do crime e deu detalhes de como ocorreu o assassinato.

A encontrou mais de nove cápsulas de bala no local. Marielle foi alvejada por quatro tiros, todos na cabeça. O veículo em que estava ficou com várias marcas na lateral. O carro, um Chevrolet Agile branco, tem vidros escurecidos, portanto, os assassinos já sabiam o lugar exato que ela ocupava dentro do carro: no banco traseiro à direita. A perícia identificou que os disparos foram feitos de trás para frente do veículo e entraram pela janela lateral traseira. Nada foi levado.

Marielle havia participado no início da noite de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Rua dos Inválidos, na Lapa, centro da cidade. Anderson era o motorista.

Imagens do enterro de Anderson Gomes:

Rafael Daguerre

Fotógrafo, Repórter, Editor e Documentarista

Um dos fundadores da Mídia1508. "Ficar de joelhos não é racional. É renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres, quando as algemas forem quebradas" ― Carlos Marighella.

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