Peru: revolta contra nomeação do novo presidente no país

Greve Geral leva milhares de pessoas às ruas contra a nomeação do novo presidente José Jerí.

Manifestantes lançam morteiros contra a repressão policial durante protesto em Lima, Peru, 15.10.2025 — Foto: Reprodução

Na última quarta-feira (15), a Greve Geral em Lima, no Peru, levou milhares de pessoas às ruas contra a nomeação do novo presidente José Jerí.

O protesto foi convocado por jovens manifestantes, trabalhadores do transporte e movimentos sociais. É o mais recente de uma série de manifestações contra o governo, que levou à deposição da ex-presidente Dina Boluarte à meia-noite da última quinta-feira (9).

Um manifestante de 32 anos, identificado como Eduardo Mauricio Ruiz, foi baleado e morto por um policial à paisana. Uma mulher de 27 anos está em coma após ser baleada na cabeça pela polícia. O Ministério da Saúde informou que outras duas pessoas estão em estado crítico.

Dezenas de pessoas foram gravemente espancadas e presas pela polícia.

Milhares de manifestantes se aglomeraram em todo o país, com centenas entrando em confronto com a polícia em frente ao Congresso em Lima, onde as ações mais graves de repressão ocorreram. A polícia disparou gás lacrimogêneo enquanto alguns manifestantes atiravam fogos de artifício, pedras e coquetéis molotov.

“Todos devem ir!” gritavam os manifestantes quando chegaram ao congresso e tentaram derrubar as grades que protegiam o prédio, causando confrontos.

A Associação Nacional de Jornalistas do Peru informou que 11 jornalistas ficaram feridos enquanto cobriam a manifestação, seis deles baleados.

Manifestantes enfrentam a repressão policial durante protesto em Lima, Peru, 15.10.2025 — Foto: Reprodução

Novo presidente aposta em mais repressão

José Jerí em uma publicação no X, afirma que a morte do manifestante pela polícia seria investigada “objetivamente”. Com objetivo de criminalizar os protestos, Jerí atribuiu a violência a “delinquentes que se infiltraram em uma manifestação pacífica para semear o caos”.

“Toda a força da lei estará sobre eles”, disse ele.

Após participar de uma reunião sobre os protestos no congresso na tarde de quinta-feira (16), Jerí disse que pediria ao congresso “autoridade para legislar sobre questões de segurança pública”.

Jerí disse que um dos focos seria a reforma prisional, mas não deu mais detalhes sobre o que esses poderes implicariam.

Os protestos de quarta-feira (15) foram um indicador de como a presidência incipiente de Jerí — que termina em julho do ano que vem devido às eleições programadas — deve se desenrolar.

Jerí, de 38 anos, prometeu priorizar o crime, mas contraditoriamente enfrentou uma série de escândalos, incluindo alegações de corrupção e uma investigação por agressão sexual, agora arquivada. Jerí negou qualquer irregularidade em ambos os casos.

Boluarte enfrentou protestos generalizados depois que assumiu o poder no final de 2022, o que levou a dezenas de mortes e a uma queda em seus níveis de popularidade, que oscilaram entre 2% e 4% nos dias que antecederam sua destituição.

O Congresso — que era liderado por Jerí antes de ele se tornar presidente — é quase igualmente impopular, com um índice de aprovação de um dígito.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Mídia1508

A 1508 é um coletivo anticapitalista de jornalismo independente, dedicado a expor as injustiças sociais e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.

Últimas Notícias