Na última quarta-feira (15), a Greve Geral em Lima, no Peru, levou milhares de pessoas às ruas contra a nomeação do novo presidente José Jerí.
O protesto foi convocado por jovens manifestantes, trabalhadores do transporte e movimentos sociais. É o mais recente de uma série de manifestações contra o governo, que levou à deposição da ex-presidente Dina Boluarte à meia-noite da última quinta-feira (9).
Um manifestante de 32 anos, identificado como Eduardo Mauricio Ruiz, foi baleado e morto por um policial à paisana. Uma mulher de 27 anos está em coma após ser baleada na cabeça pela polícia. O Ministério da Saúde informou que outras duas pessoas estão em estado crítico.
Dezenas de pessoas foram gravemente espancadas e presas pela polícia.
Milhares de manifestantes se aglomeraram em todo o país, com centenas entrando em confronto com a polícia em frente ao Congresso em Lima, onde as ações mais graves de repressão ocorreram. A polícia disparou gás lacrimogêneo enquanto alguns manifestantes atiravam fogos de artifício, pedras e coquetéis molotov.
“Todos devem ir!” gritavam os manifestantes quando chegaram ao congresso e tentaram derrubar as grades que protegiam o prédio, causando confrontos.
A Associação Nacional de Jornalistas do Peru informou que 11 jornalistas ficaram feridos enquanto cobriam a manifestação, seis deles baleados.

Novo presidente aposta em mais repressão
José Jerí em uma publicação no X, afirma que a morte do manifestante pela polícia seria investigada “objetivamente”. Com objetivo de criminalizar os protestos, Jerí atribuiu a violência a “delinquentes que se infiltraram em uma manifestação pacífica para semear o caos”.
“Toda a força da lei estará sobre eles”, disse ele.
Após participar de uma reunião sobre os protestos no congresso na tarde de quinta-feira (16), Jerí disse que pediria ao congresso “autoridade para legislar sobre questões de segurança pública”.
Jerí disse que um dos focos seria a reforma prisional, mas não deu mais detalhes sobre o que esses poderes implicariam.
Os protestos de quarta-feira (15) foram um indicador de como a presidência incipiente de Jerí — que termina em julho do ano que vem devido às eleições programadas — deve se desenrolar.
Jerí, de 38 anos, prometeu priorizar o crime, mas contraditoriamente enfrentou uma série de escândalos, incluindo alegações de corrupção e uma investigação por agressão sexual, agora arquivada. Jerí negou qualquer irregularidade em ambos os casos.
Boluarte enfrentou protestos generalizados depois que assumiu o poder no final de 2022, o que levou a dezenas de mortes e a uma queda em seus níveis de popularidade, que oscilaram entre 2% e 4% nos dias que antecederam sua destituição.
O Congresso — que era liderado por Jerí antes de ele se tornar presidente — é quase igualmente impopular, com um índice de aprovação de um dígito.




