Nesta sexta-feira (28) as redes estadual e municipal do Rio de Janeiro paralisaram e realizaram um protesto com diversas outras entidades sindicais e o movimento estudantil, em defesa da democracia e da educação pública.
Os profissionais da educação reivindicam educação de qualidade e que professores sejam valorizados para que alunos se desenvolvam em um ambiente digno para a aprendizagem. A situação da educação no estado e no município é caótica, além de professores mal pagos e sem reajustes, centenas de escolas não possuem ar-condicionado nas salas de aula.
Hoje, o Rio de Janeiro paga o pior salário do Brasil para os educadores da rede estadual: enquanto o piso nacional é de R$ 4.420, o professor de uma escola estadual tem um piso de R$ 1.588 como vencimento base (18 horas semanais).
O ato teve como eixos “Lutar não é crime, greve é direito e grêmio é livre!” e “Nenhum centavo para o Centrão, mais verbas pra educação!”.
A manifestação também lembrou e homenageou o estudante Edson Luiz, assassinado pela ditadura militar em 1968. A lembrança da repressão e da morte de Edson pela ditadura se fazem ainda mais importantes em face do momento vivido no Brasil, marcado pelo avanço da extrema direita no país, grupos políticos que defendem regimes militares e de apartheid.
O movimento social Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ) esteve presente ao ato com suas reivindicações para uma educação emancipadora, como a pauta “Pelo Fim do Vestibular”.

A manifestação se concentrou na Candelária e caminhou pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde diversas organizações defenderam as pautas propostas pela paralisação da categoria.
O ato também contou com um momento de apoio à luta do povo palestino e contra o genocídio em curso na Palestina. Manifestantes antissionistas queimaram uma bandeira de Israel, que continha desenhos da suástica nazista – relação muito comum entre os críticos do Estado de Israel.

Edson Luís Lima Souto
Estudante secundarista brasileiro assassinado por policiais militares que invadiram o restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro, no dia 28 de março de 1968, durante uma manifestação estudantil. Edson tinha 18 anos e era um dos 300 estudantes que jantavam no local. Outro deles, Benedito Frazão Dutra, também ferido a bala, foi levado para o hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu. Os estudantes conseguiram resgatar o corpo de Edson Luís e o carregaram em passeata pelo centro do Rio até as escadarias da Assembleia Legislativa, na Cinelândia, onde foi velado.
A autópsia foi feita no próprio local, sob o cerco da Polícia Militar e de agentes do Dops. Do velório até a missa, realizada na Igreja da Candelária, em 2 de abril, foram mobilizados protestos em todo o país. Em São Paulo, 4 mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na Escola Politécnica da USP, e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
No Rio de Janeiro, a cidade parou no dia do enterro. Para expressar seu protesto, os cinemas da Cinelândia amanheceram anunciando três filmes: “A noite dos Generais”, “À queima roupa” e “Coração de luto”. Com faixas, cartazes e palavras de ordem, a população protestava: “Bala mata fome?”, “Os velhos no poder, os jovens no caixão”, “Mataram um estudante. E se fosse seu filho?” e “PM = Pode Matar”. Edson Luís foi enterrado ao som do hino nacional brasileiro, cantado pela multidão. Na manhã de 4 de abril, foi realizada a missa de sétimo dia de Edson Luís na Igreja da Candelária. Ao término da cerimônia religiosa, as pessoas que deixavam a igreja foram cercadas e atacadas pela cavalaria da polícia militar a golpes de sabre. Dezenas de pessoas ficaram feridas.
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Com informações de Memórias da Ditadura.