Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em todo o mundo em apoio ao povo palestino enquanto Israel se prepara para uma possível invasão terrestre da Faixa de Gaza.
Os manifestantes se insurgem contra os bombardeios de Israel, que fizeram, até agora, pelo menos 2.215 vítimas no enclave de 362 km2, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
Governada pelo Hamas desde 2007, Gaza tem sido alvo de mísseis desde o último sábado, quando militantes do movimento islâmico realizaram uma ofensiva armada contra a ocupação colonial, resultando em 1.300 mortes do lado israelense.
Na manhã deste sábado (14), uma gigantesca marcha tomou o centro de Londres, com manifestantes agitando bandeiras palestinas e cartazes dizendo “Palestina Livre”. A concentração ocorreu perto de Oxford Circus, de onde planejavam seguir para Downing Street, a residência oficial e escritório do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak. Os cantos foram dirigidos aos governos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos por apoiarem Israel.
O estudante Belal Stitan, de 22 anos, um dos presentes no ato, declarou à agência de notícias Reuters temer pelos seus familiares em Gaza:
“Ninguém em Gaza está bem. Minha família está toda em Gaza e nenhum deles está bem”, disse ele, acrescentando que queria voltar a poder falar com seus primos sobre coisas normais, como futebol e como eles nos levavam para a escola. “Esta situação é um grande, grande problema para a humanidade e preciso dizer ao mundo, lembre-se que somos seres humanos…, não posso acreditar que estamos aqui.”
No início da manhã, a sede da emissora BBC, localizada perto do início da marcha, foi pintada de vermelho.
Nos Estados Unidos, comícios pró-Palestina foram planejados para sexta-feira e durante o fim de semana em cidades como Nova York, Washington, Los Angeles, Portland e Pittsburgh. Manifestações com essa mesma pauta também tem sido registradas em países dos cinco continentes, como Suiça (em frente à sede europeia das Nações Unidas), Espanha, Holanda, Finlândia, México, Venezuela, África do Sul, Austrália e Japão, além de, é claro, em diferentes pontos do Oriente Médio, região em que se dá o conflito.
Em Paris, um protesto foi realizado na Praça da República mesmo com uma ordem contrária do ministro do Interior, Gérald Darmanin, que proibiu nesta 5ª feira (12.out) manifestações pró-Palestina em toda a França com a alegação de que os atos seriam “suscetíveis a gerar perturbações na ordem pública”.
Em vídeos publicados nas redes sociais, um jovem afirma que a polícia usou canhões de água e granadas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar o ato. “A polícia intensificou as manobras com cargas, uso de granadas de gás lacrimogêneo e canhões de água para evacuar a Praça da República”, declarou.
Circula também no X (antigo Twitter) um vídeo sobre uma manifestação em Oxford, na Inglaterra. De acordo com uma usuária, as imagens são desta 5ª feira (12.out) e o ato teve o objetivo de protestar “contra o genocídio das pessoas da etnia árabe por Israel”.
“Não à ocupação! Não aos Estados Unidos!”
Em Bagdá, grandes multidões lotaram a Praça Tahrir, no centro da capital iraquiana, para protestos convocados pelo influente líder xiita Muqtada al-Sadr.
“Não à ocupação! Não aos Estados Unidos!”, gritaram os manifestantes no centro da capital iraquiana, reportou um jornalista da Agência France Press. “Esta manifestação visa condenar o que está acontecendo na Palestina ocupada, o derramamento de sangue e a violação dos direitos”, declarou Abu Kayan, um dos organizadores do evento.
Em Kuala Lumpur, na Malásia, cerca de 1.000 fiéis protestaram após as orações de sexta-feira, para mostrar solidariedade aos palestinos. Gritando “Palestina Livre” e “Esmague os Sionistas”, eles queimaram duas efígies cobertas com bandeiras israelenses.
Uma bandeira israelense também foi incendiada, junto com outra dos EUA, em Carachi, maior cidade do Paquistão. “A mídia internacional e os tribunais internacionais fecham os olhos às injustiças com os palestinos. Eles apenas notam as ações que os palestinos tomam para se defenderem”, disse Faheem Ahmed, um dos participantes do ato a repórteres da agência Associated Press. “Eles chamam isso de terrorismo.”