Em 2006, Bolsonaro pediu execução de brasileiro preso no exterior por tráfico

Após ficar onze anos preso e vários apelos de clemência, inclusive dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o brasileiro foi executado pelo governo da Indonésia.

Imagem: Reprodução

Um militar da Força Aérea Brasileira (FAB) foi detido nesta terça-feira (25) sob a acusação de transportar 39 quilos de cocaína dentro do avião da equipe que dá suporte à comitiva do presidente Jair Bolsonaro. Ele integrava o grupo de 21 militares que partiu de com destino a Tóquio, no Japão, e fez escala no aeroporto de Sevilha, no sul da Espanha.

O presidente Jair Bolsonaro pediu investigação rápida sobre o que ocorreu, mas dificilmente terá a mesma posição que teve sobre o assunto em 2006, quando parabenizou a execução de um brasileiro por tráfico internacional de drogas. O mesmo crime do militar de sua comitiva. Obviamente, aqui, não pedimos a pena de morte ao militar, mas usamos essa comparação para demonstrar o quanto o discurso de é falso – que privilegia qualquer ato criminoso, contanto que esteja de farda. Por exemplo, os mais de 80 tiros de soldados do que levaram a morte de duas pessoas.

Em 2006, quando era um deputado federal, o agora presidente aprovou na Câmara uma moção de congratulações e apoio ao governo da Indonésia por aquele país ter mantido a sua decisão de executar o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, condenado à morte por ter sido preso em 2004 ao entrar no país com 13,4 quilos de cocaína escondida dentro de um tubo de asa-delta. Marco era piloto nessa modalidade esportiva.

Após ficar onze anos preso e vários apelos de clemência, inclusive dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o brasileiro foi executado pelo governo da Indonésia.

Veja o documento:

Moção de congratulações de pela execução do brasileiro

No requerimento aprovado em 2006, diz: “Caso o Senhor Marco Archer fosse traficante com atuação apenas no Brasil, ao agasalho da nossa benevolente legislação, poderia ao longo de sua atividade levar à desgraça centenas de famílias, à morte dezenas de pessoas e viciar milhares de cidadãos. Ao contrário do que afirma o governo do PT, tal execução não causará nenhuma comoção nacional, pois esse traficante não tem nada a oferecer à sociedade brasileira a não ser envergonhar ainda mais o no exterior”.

E ele parabeniza o governo da Indonésia por não ter recuado da pena de morte. “A posição firme da da Indonésia é exemplo para as demais nações que, a cada dia, perdem espaço para a criminalidade e, com certeza, evitará que outros jovens, visando a obtenção de vantagens financeiras, se aventurem na mesma empreitada, sujeitando-se às justas penalidades aplicáveis para tal delito em muitos países. A clemência pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um traficante internacional de drogas envergonha o e faz corar o cidadão de bem, encorajando o marginal em sua sanha criminosa.” Qual será a postura de Jair sobre o militar de sua comitiva?

Segundo a Guarda Civil, força da espanhola responsável pelo controle aduaneiro, a droga estava dividida em 37 pacotes dentro da bagagem de mão do segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos. “Nem sequer estavam camuflados entre as roupas”, destacou uma fonte ligada à divisão policial.

O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, condenado à morte na Indonésia / Foto: Reprodução

Mídia1508

A 1508 é um coletivo de jornalismo independente anticapitalista, dedicado a expor as injustiças sociais brasileiras e a noticiar as mobilizações populares no Brasil e no mundo.

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.

Últimas Notícias