Milhares de estudantes protestam contra o governo Bolsonaro no Rio de Janeiro

Foto: Rafael Daguerre / Mídia1508

Na manhã desta segunda-feira (6), milhares de estudantes protestaram contra o governo em frente ao Colégio Militar, no Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro. O presidente estava no Colégio e participava da comemoração pelos 130 anos da instituição.

Com o grito “não vai ter corte, vai ter luta”, os estudantes permaneceram por horas nas ruas de acesso ao Colégio. Além de estudantes secundaristas e universitários, professores e familiares dos jovens também se faziam presentes contra os cortes na educação pública. Além do CPII, participaram do ato estudantes do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRJ), do Centro Federal de Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), da Fundação Osório e do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ).

Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o corte de verba de 30% das universidades e institutos federais. Entre eles, o Colégio Pedro II (CPII), um dos mais tradicionais da cidade, com cerca de 13 mil alunos.

Na última quinta-feira (2), diretores do CPII disseram que o corte de 36,37% é tão grande e absurda que terá “implicações devastadoras” e “consequências para a manutenção” da instituição. Segundo a nota, a redução feita pelo governo federal é de 36,37% do orçamento de R$ 51 milhões. O corte foi informado na semana passada aos diretores do CPII. Com isso, o estabelecimento vai perder mais de R$ 18 milhões para o custeio das unidades. No Rio de Janeiro, são oito câmpus, que atendem alunos da infantil ao ensino médio.

O reitor do Colégio Pedro II, Oscar Halac, disse que, caso os cortes nas verbas se concretizem , a instituição “não terá condições de funcionar. Se o corte orçamentário for sacramentado, a instituição não terá condições de funcionar.”

Desde o início da manhã, pais se juntaram aos filhos no ato contra o corte de verbas. O CAp tem muitos professores substitutos, que são temporários. Hoje, já passam de 60% no CAp-UFRJ, por exemplo. Com esse corte é evidente que faltará professores. Para alguns pais, o corte representa o descumprimento das promessas do presidente durante a campanha eleitoral.

Foto: Rafael Daguerre / Mídia1508

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior federal do país, com 65 mil estudantes matriculados, afirmou ter sofrido um corte de 41% em seu orçamento de custeio, o que representa R$114 milhões. Segundo o reitor, Roberto Leher, a medida tem tamanha dimensão para a instituição que é como se “o fim do ano tivesse sido antecipado”.

Na terça-feira, o ministro da educação, Abraham Weintraub, anunciou que faria um corte de 30% em todas as universidades federais. Leher diz que as consequências para o funcionamento da instituição já podem aparecer nas próximas semanas. Ele explica que o contingenciamento global do orçamento foi de 30%, mas, considerando apenas a parte destinada ao custeio da UFRJ, ou seja, o que mantém a universidade aberta, chega quase à metade.

“Como a é uma universidade grande e tem um gasto fixo de limpeza maior que as demais, e considerando que ela já vem operando em déficit muito grande, esse bloqueio impede que a UFRJ pague terceirizados”, afirma Leher.

A velha máxima que a corda sempre arrebenta no lado mais fraco, os terceirizados. O reitor continua:

“A já está sem recursos para pagar suas contas. Sem reversão imediata desse corte, já nas próximas semanas vamos ter problemas graves de manutenção de atividades essenciais, como energia, limpeza, segurança, e segurança patrimonial. Há possibilidade de interrupção de pesquisa, temos hospitais de ensino que precisam desses recursos.”

Foto: Rafael Daguerre / Mídia1508

A instituição informa que o orçamento destinado ao custeio da universidade foi reduzido, em valores atualizados, de R$ 582 milhões em 2014 para R$ 361 milhões em 2019, valor que, com o corte de verbas, será ainda menor. Atualmente, a universidade trabalha com um déficit orçamentário de R$170 milhões.

“Universidades que estão sob o pensamento único, que são dogmáticas, que adotam formas de pensamento fundamentalista são incapazes de produzir conhecimento. A pujança acadêmica da é uma demonstração de que liberdade de pensamento é algo salutar”, argumentou Leher.

Rafael Daguerre

Fotógrafo, Repórter, Editor e Documentarista

Um dos fundadores da Mídia1508. "Ficar de joelhos não é racional. É renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres, quando as algemas forem quebradas" ― Carlos Marighella.

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