Gregos protestam em memória ao 45º aniversário do levante popular contra ditadura

O protesto teve fortes conflitos de anarquistas e comunistas contra as forças policiais antimotim, principalmente no distrito de Exarchia, no centro de Atenas.

Milhares de gregos marcharam no mês passado, dia 17 de novembro, em memória ao 45º aniversário do levante popular contra ditadura, que levou à restauração da no país depois da junta militar de 1967-1974. Quarenta e cinco anos se passaram desde a revolta politécnica de Atenas, em novembro de 1973, que se transformou em uma maciça demonstração de rejeição popular à junta militar.

O protesto teve fortes conflitos de anarquistas e comunistas contra as forças policiais antimotim, principalmente no distrito de Exarchia, no centro de Atenas. Os manifestantes atearam fogo em sacos de lixos, ergueram barricadas e jogaram coquetéis na repressão policial, que atacou a manifestação com gás lacrimogêneo e de atordoamento. Aproximadamente 5.000 policiais foram distribuídos pelo centro da cidade e cerca de oito pessoas foram presas durante os confrontos.

Como todos os anos, a manifestação começou na Universidade Politécnica Nacional de Atenas e foi concluída fora da Embaixada dos EUA, que apoiou a ditadura militar de seis anos na Grécia, com os cerca de 20 mil manifestantes agitando bandeiras vermelhas e pretas. Com o slogan “Liberdade para o povo, morte ao fascismo”, os manifestantes – entre famílias, organizações antirracistas, refugiados, associações estudantis, partidos, organizações de esquerda, sindicatos e coletivos – condenaram o e o nazismo.

No pátio da Universidade Politécnica Nacional de Atenas foram homenageadas as cerca de 20 pessoas, principalmente estudantes, mortas pelas forças da junta militar. Estudantes, professores, trabalhadores e aposentados depositaram coroas de flores na Universidade para homenagear as dezenas de assassinados na revolta de 1973.

“Quarenta e cinco anos depois que os estudantes se levantaram contra a junta, o mês de novembro continua a nos inspirar. Nos lembra que nada é dado, mas também que nada é impossível”, disse um manifestante.

destacar a importância da memória política e fortes manifestações em repúdio à regimes militares, fato que é negligenciado por boa parte da sociedade brasileira. A história nos cobra a responsabilidade de manter nossos ouvidos abertos às necessidades e preocupações da geração mais jovem, que sempre esteve na linha de frente das principais mudanças da luta revolucionária. Infelizmente nossa juventude ignora ou sequer conhece a história sangrenta do regime militar que durou mais de 20 anos no Brasil. Para a população grega este dia – da revolta politécnica – é lembrado como um símbolo das lutas pela liberdade e pela democracia.O protesto anual muitas vezes se torna um ponto focal para grupos que protestam contra as políticas do governo e vem contra um cenário de crescente revolta popular em uma nova rodada de cortes salariais e previdenciários aprovada pelo parlamento no mês passado. Os manifestantes seguraram faixas dizendo:

“Podemos derrubar essa nova junta”
e “Nossa revolta se tornará seu pesadelo”, refletindo a fúria generalizada contra o esforço do governo em aprovar o plano de austeridade.

Da em baixada dos EUA, os manifestantes caminharam para a embaixada israelense para protestar contra os ataques aéreos em Gaza. Foi o mais recente de uma sucessão de comícios em massa contra as medidas de austeridade na Grécia, que muitas vezes se desintegram em confrontos sangrentos entre a polícia e os manifestantes.

“A maioria de nós acha que isso é como a junta”, disse o manifestante Apostolis Sabaziotis, um psicólogo de 32 anos que trabalha há quatro meses sem ser pago.

“Devemos enviar uma mensagem ao governo. A situação só pode mudar se resistirmos ”, disse Panagiotis Sarantidis, de 37 anos, que foi à universidade prestar homenagem aos estudantes mortos, segurando a filha nos braços.

Somando-se a tensão das medidas de austeridade do governo, este ano o partido de extrema-direita Golden Dawn negou no início do mês passado que quaisquer estudantes foram mortos em 1973.

Imagens do protesto | vídeo e fotografias:

Foto: Nikolas georgiou
Foto: Marios Lolos
Foto: Dimitris Tosidis
Foto: Lefteris Partsalis
Foto: Marios Lolos
Foto: Giannis Papanikos
Foto: Lefteris Partsalis
Foto: Aris Messinis

Rafael Daguerre

Fotógrafo, Repórter, Editor e Documentarista

Um dos fundadores da Mídia1508. "Ficar de joelhos não é racional. É renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres, quando as algemas forem quebradas" ― Carlos Marighella.

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